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Mulher é suspeita de articular assassinato do marido fazendeiro no interior de SP

Elisângela Silva Paião é procurada por policiais diante das informações de que ela teria planejado o crime

28 set 2022 - 17h03
(atualizado às 18h33)
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Elisângela Silva Paião, de 47 anos, é suspeita de planejar o assassinato do marido, no interior de SP
Elisângela Silva Paião, de 47 anos, é suspeita de planejar o assassinato do marido, no interior de SP
Foto: Reprodução/Facebook

A Polícia Civil de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, busca informações sobre o paradeiro de Elisângela Silva Paião, de 47 anos, esposa de um fazendeiro assassinado a tiros, no último sábado, 24, quando estava internado na Santa Casa da cidade.  

O produtor rural Ailton Braz Paião, de 54 anos, foi morto pelo policial militar Marcos Francisco do Nascimento, de 30, que se matou em seguida. Conforme a investigação, o PM seria amante de Elisângela e, três dias antes, já teria tentado matar o marido dela em uma emboscada. Para a polícia, Elisângela é cúmplice do criminoso. Ela teve a prisão decretada e é considerada foragida.

O assassinato e todo seu enredo assustaram os 8.228 moradores de Iepê, no extremo oeste paulista, onde Paião e a mulher moravam. Em sociedade com dois irmãos, ele mantinha uma fazenda de cultivo de grãos a 5 quilômetros da área urbana.

Conforme a Polícia Civil, no último dia 21, o fazendeiro foi atraído para uma emboscada que teria sido armada pela própria esposa. Uma mulher que vinha conversando com ele pelo aplicativo WhatsApp pediu ajuda, alegando que seu carro tinha sofrido uma avaria mecânica na Rodovia SP-421, no acesso à cidade de Gardênia.

Por volta das 18 horas, Paião foi ao local e viu o carro descrito pela mulher parado próximo a um canavial. Quando desceu de sua caminhonete e se dirigiu ao automóvel, um Ford Escort, duas pessoas encapuzadas saíram do veículo e o atacaram.

Ailton Paião foi atingido por quatro tiros na cabeça e uma facada nas costas. Os agressores levaram a caminhonete e o celular dele e fugiram levando também o carro. A picape foi abandonada a cerca de 800 metros do local.

De acordo com o delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques, que preside as investigações, mesmo ferido, o fazendeiro conseguiu pedir ajuda . Levado ao hospital, ele ainda conseguiu descrever as características do veículo usado na emboscada.

 

O fazendeiro contou que, desde o dia 14 de setembro, estava conversando pelo WhatsApp com uma mulher que se identificava como Sara Maria e que seria moradora de Iepê. As conversas passaram a ter conteúdo mais íntimo, o que o levou a não suspeitar de uma possível armadilha quando ela pediu ajuda com seu carro. Para o delegado, a própria esposa do homem teria se passado pela suposta Sara Maria no aplicativo.

Segundo ele, logo após o socorro ao ferido, os investigadores acharam a caminhonete e passaram a buscar o carro. "Descobrimos um Escort que tinha o capô e a lataria queimados pelo sol, como foi descrito pela vítima. Em contato com o proprietário, ele informou que tinha vendido o veículo e chegamos ao último dono, o policial militar Marcos Francisco."

Na sexta-feira, 23, o carro foi apreendido, e o policial foi ouvido, disse que o carro estava com outra pessoa naquele dia, e não chegou a ser detido, embora já circulassem informações na cidade sobre um possível caso amoroso entre ele e Elisângela.

No sábado, 24, por volta das 10h30, segundo o Departamento de Polícia Judiciária do Interior - 8 (Deinter-8), o soldado adentrou a Santa Casa, se identificou como policial na portaria e disse que pretendia conversar com o fazendeiro, que passaria por uma cirurgia para a retirada das balas no dia seguinte.

Sua entrada foi liberada e, já no quarto do paciente, encontrou uma irmã da vítima e pediu que o deixasse a sós com a vítima, pois estava investigando o crime. "Ele disse que queria conversar com a vítima e, neste instante, realizou os disparos contra Ailton e, logo em seguida, suicidou-se com um disparo na cabeça. Ambos vieram a óbito no local", diz o relato do Deinter. O fazendeiro foi atingido por dois tiros.

Para o delegado Gasques, a mulher planejou a morte do marido para ficar com o amante. "A linha de investigação é no sentido de que ela articulou com ele a emboscada e a morte ou, pelo menos, instigou o suposto amante a matar o Ailton", disse.

O que reforça essa hipótese é que, quando o PM se suicidou, após matar seu marido, Elisângela teria confidenciado aos investigadores que gostava muito do soldado e estava se separando de Paião. A mulher não compareceu ao velório e sepultamento do marido. Diante das evidências, o delegado pediu a prisão dela.

Na última segunda-feira, 26, a Polícia Civil deflagrou uma operação para cumprir os mandados de prisão provisória e de busca e apreensão nas casas da mulher e da segunda pessoa que havia participado da emboscada contra o fazendeiro.

O suspeito, de 47 anos, foi preso em sua casa - ele não teve o nome divulgado - e vai responder por tentativa de latrocínio. Os policiais também foram à casa de Elisângela, que estava vazia.

Foram realizadas buscas em Porecatu (PR), onde a mulher tem parentes. Além da polícia paulista, as polícias do Paraná e do Mato Grosso do Sul estão no encalço da fugitiva. As polícias rodoviárias estaduais e a Polícia Rodoviária Federal também foram alertadas.

Crime chama atenção de pequena cidade do interior

Na pequena Iepê, o crime está em todas as rodas de conversas. A família Paião é conhecida na cidade e, além de ter uma propriedade rural no município, arrenda terras em outros estados para o cultivo de soja e milho. A empresa rural, aberta em 2013 para o cultivo de cereais, é considerada de grande porte.

O crime e suas circunstâncias dominam os assuntos nos bares e esquinas. O casal de filhos do produtor rural assassinado, uma jovem de 20 anos e um adolescente de 16, moram em Londrina, no oeste paranaense. A reportagem procurou os familiares, mas não obteve retorno.

O advogado Jair Vicente da Silva Júnior, que assumiu a defesa de Elisângela, disse nesta quarta-feira, 28, que ainda não teve acesso a todas as peças do inquérito, por isso considerava prematuro se manifestar.

Estadão
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