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Na fronteira com Paraguai, Polícia Federal prende membros do PCC suspeitos de ataques em Araçatuba

Suspeita é de que criminosos cuidaram do planejamento do assalto a bancos no interior do Estado com explosivos

5 out 2021 - 17h59
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SOROCABA - Dois integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), presos em operação da Polícia Federal na fronteira do Brasil com o Paraguai, são suspeitos de terem participado dos ataques a bancos em Araçatuba, interior de São Paulo, no dia 30 de agosto. Anderson Meneses de Paula, o "Tuca", e William Meira do Nascimento, o "Bruxo", foram presos no domingo, 3, em operação conjunta da Polícia Federal e de agentes paraguaios, em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e na vizinha Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Segundo a PF, "Bruxo" seria do núcleo de comando do PCC e estaria vinculado aos grandes assaltos e ações conhecidas como "novo cangaço".

Já conforme a polícia paraguaia, "Tuca" seria o principal chefe do grupo conhecido como "Justiceiros da Fronteira", responsável por ao menos vinte execuções nos últimos meses. O grupo executava pessoas suspeitas de envolvimento em furtos e roubos na região e deixava bilhetes ao lado do corpo com alertas a outros ladrões. Algumas das vítimas foram decapitadas ou tiveram membros decepados. Junto com "Tuca" foram presas sua mulher, a brasileira Francisca Kelly Lima da Silva, e outras três pessoas.

A operação, denominada "Escritório do Crime", foi deflagrada pela PF em conjunto com a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai. Os agentes cumpriram oito mandados de busca e apreensão em imóveis de Ponta Porã, três em Pedro Juan Caballero, além de quatro mandados de prisão. Conforme a Senad, "Tuca" e "Bruxo" estavam envolvidos em roubos a bancos e tinham se especializado no uso de explosivos, gozando da confiança do alto comando do PCC. "No país vizinho (Brasil), se atribui a eles a tomada de uma cidade inteira (Araçatuba) para a execução de roubos a bancos", disse, em nota.

A suspeita é de que os dois criminosos cuidaram do planejamento do ataque aos bancos de Araçatuba com explosivos e preparam os artefatos que foram espalhados pela região central para dificultar a ação da polícia. Conforme a linha de investigação da PF, eles também atuavam como traficantes de armas e podem ter disponibilizado armamento pesado que foi empregado pela quadrilha durante o mega assalto.

Agentes da Senad durante buscas em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, fronteira com o Brasil
Agentes da Senad durante buscas em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, fronteira com o Brasil
Foto: Senad/Divulgação / Estadão

As ações foram realizadas de forma simultânea, pois os criminosos se movimentam permanentemente entre as duas cidades fronteiriças. Os presos foram levados para Ponta Porã e tiveram as prisões confirmadas em audiência de custódia. Em nota, a PF informou que a operação resultou também na apreensão de "diversos bens e valores, bem como munições de grosso calibre". Os investigados podem responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e tráfico internacional de armas, cujas penas somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Mega ataque

No dia 30 de agosto deste ano, ao menos 25 criminosos invadiram a região central de Araçatuba, travaram intenso tiroteio com a Polícia Militar e explodiram dois bancos. Uma terceira agência foi atacada a tiros. Os criminosos tomaram moradores como reféns e os usaram como escudos humanos, presos sobre o capô de veículos. Os bandidos minaram a região com 100 quilos de explosivos para dificultar a ação da polícia. Uma bomba explodiu ferindo gravemente um morador. Três pessoas morreram durante o ataque - dois moradores e um suspeito.

Estadão
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