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"Nasci de novo", diz refém usado como escudo em Araçatuba

Homem relata ter sido ameaçado pelos bandidos: "Mandaram eu segurar forte, pois, se eu caísse, me davam um tiro"

31 ago 2021 - 11h16
(atualizado às 11h32)
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Amarrados em carros, reféns foram feitos de 'escudo humano' para impedir ataques da polícia contra os criminosos.  
Amarrados em carros, reféns foram feitos de 'escudo humano' para impedir ataques da polícia contra os criminosos.
Foto: Reprodução/Twitter / Estadão

Um dos reféns da quadrilha que atacou bancos e aterrorizou a cidade de Araçatuba na madrugada desta segunda-feira, 30, disse ter "nascido de novo" após escapar com vida do ataque. O homem foi uma das pessoas que foram obrigadas a se posicionar no capô dos veículos usados pelos criminosos e que ficaram na linha de tiro em meio ao confronto.

Ao falar com a reportagem do Estadão, ele preferiu não ser identificado. O homem contou que seguia para a rodoviária quando foi parado pelos bandidos. "Mandaram eu sair do carro, arrancaram minha camisa, me puseram em cima do carro e mandaram eu segurar forte, pois, se eu caísse, me davam um tiro. Segurei o mais forte que pude e quase caí quando passaram com tudo em uma lombada."

Ele contou ainda que os bandidos atiraram contra os prédios e contra a polícia. "Fiquei no meio do tiroteio e uma bala me pegou de raspão." Após ser libertado, a vítima saiu correndo, depois foi a uma igreja rezar. "Nasci de novo", disse.

Na ocorrência, três pessoas morreram e duas foram presas. Um dos moradores atingidos teve a perna amputada após ser atingido por um artefato explosivo.

Outro dos homens que foram obrigados pelos bandidos a ficar em cima de um veículo foi morto a tiros, segundo a família, que afirma ter identificado o parente pelas imagens. Ele recebeu, segundo os relatos, pelo menos dez disparos.

"Naquele momento, a ideia que me veio é de que não eu estava em Araçatuba, mas em Cabul sendo atacado pelos talibãs", disse nesta segunda-feira, o contador José Carlos Stuchi, morador do Jardim Planalto, a 2 quilômetros do centro de Araçatuba. Stuchi abriu as redes sociais e soube que a cidade, de 198.121 habitantes, estava refém de uma quadrilha armada com bombas, fuzis, metralhadoras e muita munição.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo em exercício, coronel Álvaro Batista Camilo, disse à Rádio Eldorado nesta terça-feira, 31, que é necessária mais integração entre a força de segurança estadual e os bancos federais para evitar ações criminosas.

O Estado não tinha conhecimento do elevado volume financeiro presente no local, segundo ele, dado que as informações sobre o local eram administradas pelas instituições financeiras em âmbito federal.

"A informação estava reservada dentro do banco. Se soubéssemos que o risco era grande, poderíamos ter aumentado o efetivo na cidade. Poderia haver um contato maior", admitiu. Uma das agências invadidas funciona como uma tesouraria regional, por isso, guardava um montante expressivo. A Polícia Federal também vai investigar o caso.

Estadão
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