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Nova ação da PM na Baixada Santista supera nº de mortes da Operação Escudo, de 2023

Desde o início da ação, houve 706 presos e apreensão de 509 kg de drogas e 81 armas ilegais, diz a secretaria; parentes falam de inocentes entre os óbitos e governo diz investigar os casos

21 fev 2024 - 11h33
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A Operação Verão deflagrada pela Polícia Militar na Baixada Santista, no litoral paulista, teve 30 mortos até terça-feira, 20, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP). Com isso, a operação já supera o número de óbitos na Operação Escudo (28), deflagrada no ano passado na mesma região.

Movimentação de policiais militares no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá,
Movimentação de policiais militares no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá,
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Neste ano, as ações foram intensificadas após o assassinato do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo e do cabo José Silveira dos Santos no início de fevereiro.

"Até o momento, 30 pessoas morreram em confronto com a polícia, entre elas o líder de uma facção criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos", afirmou a SSP. Conforme a pasta, a iniciativa é voltada ao combate à criminalidade e a garantia da segurança da população.

Entre as mortos, segundo a polícia, está Rodrigo Pires dos Santos, de 40 anos, conhecido como Danone, apontado como líder de facção no Guarujá e responsável por ataques contra agentes públicos.

Ainda conforme a pasta, no período, 706 criminosos foram presos, incluindo 261 procurados pela Justiça. Além disso, foram apreendidos 509 quilos de drogas e 81 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito.

A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) chegou a transferir o gabinete da pasta para Santos na tentativa de frear a onda de violência na região. Coronéis ouvidos pela reportagem se dividem sobre a estratégia de policiamento ostensivo para enfrentar o problema.

Parentes falam de inocentes entre os 18 mortos pela polícia na Baixada. "Meu pai não era traficante, mas quem mora na favela não tem voz", disse ao Estadão a filha do catador de lixo José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, morto no barraco onde vivia, em São Vicente. A família diz que ele era usuário de drogas, mas não estava envolvido com o crime. A SSP afirma investigar o caso.

Em Santos, moradores relatam medo e até desejo de se mudar. "Não queria me mudar, mas estou assustado", disse o aposentado Aluízio Barbosa, de 69 anos, que vive na área onde um dos PMs foi morto.

Já a Operação Escudo começou em 28 de julho de 2023, com a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis, até seu encerramento, em 9 de setembro, com 28 mortos pela polícia no litoral.

A Ouvidoria das polícias e a Defensoria Pública apontaram suspeitas de abusos pelas tropas nas mortes. À época, o governo estadual negou irregularidades e disse investigar todas as ocorrências.

Policiais realizam atividade de patrulha durante a primeira fase da operação Escudo, em julho de 2023.
Policiais realizam atividade de patrulha durante a primeira fase da operação Escudo, em julho de 2023.
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Massacre do Carandiru

Na ação policial mais letal da história do Estado de São Paulo, ocorrida em 2 de outubro de 1992, há mais de 30 anos, 111 presos foram mortos. Ao todo, 74 PMs foram denunciados pelos assassinatos.

A Casa de Detenção de São Paulo, na zona norte paulistana, foi desativada em 2002, na gestão Geraldo Alckmin (na época no PSDB, hoje no PSB), e em dezembro daquele ano os pavilhões foram demolidos. O complexo penitenciário deu lugar ao Parque da Juventude e ao Museu Penitenciário Paulista. O Pavilhão 9, local onde ocorreram os 111 assassinatos, virou um estacionamento. /COLABORARAM RAÍSSA MOTTA E ÍTALO LO RE

Estadão
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