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Novo chefe da PM de SP promete foco em combate a roubos

O coronel Ronaldo Miguel Vieira definiu crime cometido por falsos entregadores de aplicativos de comida como "extremamente preocupante"

3 mai 2022 - 16h23
(atualizado às 16h55)
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O novo comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Ronaldo Miguel Vieira, tomou posse nesta terça-feira, 2, e disse que vai focar no combate a roubos no Estado, indicador em alta na comparação com o ano passado. Ele ainda prometeu manter o uso de câmeras em uniformes de policiais, medida que teve bons resultados, mas que divide pré-candidatos ao governo do Estado. 

"Os crimes de roubo estão muito perto já de virarem latrocínio. Eles (os assaltantes) já têm o armamento, a intenção, e vai ter a vítima, a parte mais frágil desse crime de roubo", disse Vieira. Nesse cenário, o novo chefe da PM definiu o crime cometido por falsos entregadores de aplicativos de comida como "extremamente preocupante", e afirmou que a polícia está trabalhando para proteger a população. 

Recentemente, o jovem Renan Silva Loureiro, de 20 anos, foi morto a tiros no Jabaquara, zona sul paulistana, após ser assaltado por um falso entregador. "O caso do Renan foi muito triste. Acho que para todo mundo aqui: a gente ficou extremamente sensibilizado. Eu fiquei, sou pai", frisou Vieira, que tem dois filhos.

Viaturas da Polícia Militar em Sao Paulo
08/08/2006 REUTERS/Caetano Barreira
Viaturas da Polícia Militar em Sao Paulo 08/08/2006 REUTERS/Caetano Barreira
Foto: Reuters

"Já estão sendo feitas reuniões no Palácio (dos Bandeirantes) junto com a Polícia Civil, com os aplicativos, para a gente tentar entender como a pode fazer para operacionalizar melhor esse combate a esses crimes usando os falsos entregadores", acrescentou. O detalhamento das ações, contudo, só deve ser anunciado em evento promovido pelo governo paulista nesta quarta-feira, 4.

Conforme Vieira, o objetivo é dar continuidade e até mesmo intensificar operações que buscam rastrear motociclistas que cometem crimes. Como parte das ações para coibir esse tipo de crime na capital, as polícias Civil e Militar realizaram, entre sexta-feira, 29, e sábado, 30, uma operação com o objetivo de combater delitos cometidos por criminosos que se passam por entregadores. Mais de 740 veículos foram abordados e nove pessoas foram detidas.

"Lembrando que os entregadores - a maioria esmagadora - são novos jovens que estão no mercado trabalhando. São os primeiros empregos de jovens que estão no mercado, e a gente não pode discriminar essa profissão", disse. "Infelizmente, criminosos, bandidos estão usando essa atividade como disfarce para cometer roubos."

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontam que, no 1º trimestre deste ano, o número de roubos aumentou 7,45%, ante o mesmo período do ano passado. Já os furtos cresceram 28,5% no mesmo período. "A gente tem de usa indicadores criminais para, onde tem a mancha criminal, atuar", disse Vieira.

O comandante da PM reforça, em meio a isso, que duas frentes principais devem ser conduzidas neste momento. "A gente tem a parte dos indicadores, que temos de combater, e o principal também: a percepção de segurança da população (...) A gente tem de mostrar para a população que a Polícia Militar está presente", reforçou.

Diversas autoridades estiveram presentes no evento de posse do novo comandante da PM nesta terça, que ocorreu na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, no Tucuruvi, zona norte da cidade. Entre elas, estavam o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), o secretário de Segurança Pública do Estado, João Campos, e o novo comandante-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves.

Em parte da cerimônia, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo Alexandre de Moraes também esteve ao lado do governador. Desafeto do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores, Moraes é um dos principais alvos em manifestações bolsonaristas e é o ministro da Corte que recebeu a maior quantidade de pedidos de impeachment - contra ele, são 12 dos 27 pedidos sem análise na Casa.

Na corporação, porém, Vieira ressaltou que manifestações políticas não serão permitidas. "A Polícia Militar respeita a opinião de todos. Toda a parte de qualquer partido político a Polícia Militar respeita. Só que - dentro do quartel, usando farda, usando equipamento - (em relação a) reuniões dentro do quartel para apoiar candidato A ou B, a Polícia Militar será, como sempre foi, contra."

O novo comandante da PM disse também ser a favor do uso de câmeras portáteis em uniformes de policiais, medida que tem aparecido em debates políticos. Como mostrou o Estadão, a maioria dos pré-candidatos ao governo paulista tem adotado um tom crítico em relação ao uso de câmeras acopladas ao uniforme de policiais militares. "Vamos continuar com o programa, vamos implementar, ter avanço", ressaltou Vieira.

O comandante-geral reforçou que, desde 2014, a corporação estuda e planeja a implementação das câmeras. Para isso, explica, atuaram desde comissões de mitigação de risco a membros da Corregedoria da polícia. "Não temos comprometimento nenhum com o erro, não temos o menor problema de cortar da própria carne", disse.

Entre os benefícios de os policiais utilizarem as câmeras, apontou Vieira, estão a facilidade para localizar agentes para envio de reforço e também a proteção provida contra eventuais fraudes. "O policial vai ter que estar sempre se aperfeiçoando, porque ele vai estar protegido pela COP (câmera operacional portátil), mas também a COP vai estar cobrando a atitude profissional dele", disse Vieira, que confirmou ainda que haverá ampliação do programa.

Estadão
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