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Novo relatório destaca falha de pilotos na queda do AF447

Especialistas também dizem que Air France deveria ter formado melhor a tripulação e levado em consideração casos precedentes de congelamento de sondas que medem velocidade

13 mai 2014 - 15h01
(atualizado às 21h57)
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Pedaços do avião foram encontrados no Oceano Atlântico
Pedaços do avião foram encontrados no Oceano Atlântico
Foto: Marinha do Brasil / Divulgação

Um novo relatório publicado nesta terça-feira pela Justiça francesa acentua a culpa da tripulação do voo Air France 447 no acidente que matou 228 pessoas em 1 de junho de 2009. Os pilotos tiveram uma “reação inapropriada após a perda momentânea das indicações de velocidade”, causada pelo congelamento das sondas Pitot.

O relatório divulgado hoje também aponta responsabilidades da Air France. Segundo o texto, a companhia poderia ter adotado “diretivas claras” para resolver os problemas ligados ao congelamento das sondas Pitot. Além disso, a empresa teria “formado insuficientemente seus pilotos para casos de congelamento das sondas e em relação ao comportamento do avião quando ocorre a perda das indicações de velocidade”.

“Esse novo relatório não traz grandes novidades em relação ao primeiro. Se ele destaca a reação da tripulação, também lembra que a Air France não deu a formação necessária a seus pilotos nem levou em conta os sucessivos avisos de congelamento das sondas Pitot”, disse Jean-Pierre Bellecave, um dos advogados franceses de familiares de vítimas do acidente, em entrevista ao Terra.

As novas análises sobre as causas da queda do avião foram realizadas a pedido da companhia Airbus, insatisfeita com o primeiro relatório, que dava mais destaque para falhas no sistema de seu modelo A330-200, o mesmo que caiu no oceano Atlântico.

O Terra teve acesso ao primeiro relatório, publicado em 2012 e mantido secreto pela Justiça da França. Nele, os especialistas colocam no topo de uma lista de causas da queda “a falta de informação dada às tripulações sobre o congelamento das sondas em grande altitude”, o que “contribui para o efeito surpresa” sob a pilotagem. Além disso, esse primeiro relatório afirma que a “periculosidade dos incidentes” registrados anteriormente no funcionamento das sondas Pitot “foi subestimado” e que o “fenômeno dos cristais de gelo foi oficialmente ignorado”.“Não estamos contentes nem descontentes. Os especialistas mostraram que o comportamento dos pilotos influenciou no acidente, mas que outros fatores também contribuíram para a queda. A questão que deve ser feita aos especialistas a partir de agora é: por que os pilotos não tiveram o comportamento adequado?”, disse Danielle Lamy, presidente da Entraide et Solidarité, principal associação de familiares de vítimas do voo AF447 na França.

Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.O acidente do AF 447

O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.

Voo AF 447 Voo AF 447

Após o acidente, dados preliminares das investigações indicaram um congelamento das sondas Pitot, responsáveis pela medição da velocidade da aeronave, como principal hipótese para a causa do acidente. No final de maio de 2011, um relatório do BEA confirmou que os pilotos tiveram de lidar com indicações de velocidades incoerentes no painel da aeronave. Especialistas acreditam que a pane pode ter sido mal interpretada pelo sistema do Airbus e pela tripulação. O avião despencou a uma velocidade de 200 km/h, em uma queda que durou três minutos e meio. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores - até então feitos pela francesa Thales - por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.

Fonte: Terra
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