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'O caos já está instalado. A pior parte é a falta de informações', diz passageiro em Congonhas

No saguão lotado, há relatos de pessoas que não conseguiram embarcar mesmo em voos não cancelados

10 out 2022 - 13h18
(atualizado às 15h32)
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O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, vive o segundo dia de caos, com o saguão lotado de passageiros. Desde domingo, após um incidente com um jato executivo, já foram cancelados 286 voos e outros estão atrasados, segundo o último balanço da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) divulgado às 15h. "O caos já está instalado. A pior parte é a falta de informações. Mas não dá para julgar muito porque são centenas de pessoas buscando informações aqui no aeroporto", afirmou o ator Ítalo Laureano, de 39 anos, que perdeu o voo para Belo Horizonte na manhã desta segunda-feira.

A pista principal do aeroporto ficou fechada por nove horas no domingo após o pneu de um Learjet estourar durante o pouso. As causas do incidente estão sendo investigadas.

Passageiros aguardam em longas filas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Passageiros aguardam em longas filas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O também ator Marcos Coletta, de 35 anos, que acompanhava Laureano, disse que os amigos chegaram cedo para o voo previsto para as 9h40, mas enfrentaram uma longa fila. "Nosso voo partiu sem a gente. Quando apareceu que tinha aberto o embarque no painel, perguntamos se deveríamos ir para outro local, mas disseram que era para continuarmos na fila", contou.

Grupo de atores que perdeu o voo em Congonhas nesta segunda-feira, 10, como reflexo do incidente com avião executivo no domingo, 9
Grupo de atores que perdeu o voo em Congonhas nesta segunda-feira, 10, como reflexo do incidente com avião executivo no domingo, 9
Foto: Renata Okumura/Estadão / Estadão

A arquiteta Viviane Rubio, de 59 anos, estava apreensiva quando foi abordada pela reportagem. Ela precisa estar em Recife até as 21h, na hora da abertura do portão de embarque para pegar o seu voo para Lisboa pela TAP. Em Congonhas, o voo está previsto para sair de São Paulo para a capital de Pernambuco às 16h10 pela GOL. No entanto, ela não consegue informações sobre sua viagem.

"Preciso chegar em Recife para embarcar ainda hoje para Lisboa, mas minha reserva não está aparecendo pela GOL. Eu paguei R$ 13 mil pelas passagens e não acho justo ficar com esse prejuízo e transtorno. Ninguém sabe me informar nada e estou sem saber o que fazer", afirmou.

A arquiteta Viviane Rubio, de 59 anos, busca informações sobre seu voo para Recife.
A arquiteta Viviane Rubio, de 59 anos, busca informações sobre seu voo para Recife.
Foto: Renata Okumura/Estadão / Estadão

A advogada Fernanda Miranda, de 26 anos, recebeu uma mensagem da Latam na manhã desta segunda-feira informando que seu voo para Salvador marcado para as 15h20 estava entre os realocados. "É um transtorno, mas consegui resolver e realocar meu voo para esta terça-feira, 11. Há passageiros com crianças que estavam angustiados tentando remarcar a passagem."

Com o filho de 2 anos e o marido, a professora Aline Pedroni Miranda, de 33 anos, também não conseguiu embarcar para o Recife às 12h35. "Não conseguiram providenciar assento para o meu filho, mesmo com todas as passagens compradas. Meu marido está tentando resolver com a GOL, enquanto vim amamentar meu filho", disse.

Pelo menos 22 destinos foram impactados: Rio de Janeiro, Recife, Confins, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Fortaleza, Jaguaruna, Londrina, Foz do Iguaçu, Salvador, Vitória, Campinas, Guarulhos, Porto Seguro, Bonito, Maceió, Porto Alegre, São José do Rio Preto e São Carlos.

Na fila há mais de três horas, a pedagoga Rose Marry de Menezes, de 70 anos, passou mal e precisou de auxílio e de uma cadeira de rodas. "Estou apreensiva com esse caos no aeroporto porque também tenho problema de saúde. Passei mal. Estou tendo hipoglicemia. Tudo isso é muito estressante. É muita gente", lamentou ela.

Na fila em Congonhas há mais de três horas, a pedagoga Rose Marry de Menezes, de 70 anos, passou mal e precisou de auxílio e uma cadeira de rodas.
Na fila em Congonhas há mais de três horas, a pedagoga Rose Marry de Menezes, de 70 anos, passou mal e precisou de auxílio e uma cadeira de rodas.
Foto: Renata Okumura/Estadão / Estadão

A DJ Mariana Oliveira, de 33 anos, está desde domingo tentando retornar para Goiânia. Ela e mais dois amigos vieram na sexta-feira, 7, para ver o show do sueco Eric Prydz no sábado, 8. O grupo chegou ao aeroporto por volta de 15h para embarcar às 18h30.

"Quando chegamos ao aeroporto, o avião (que teve o pneu estourado) já estava parado na pista. Todos os voos estavam sendo cancelados. Mas na GOL eles iam postergando, não falaram que iria ser cancelado o voo. Aguardamos até 22h30 para saber que o nosso foi cancelado. Não tem fila prioritária. Idosos passando mal, crianças chorando", disse Mariana.

Ela e os amigos também não conseguiram hospedagem pela companhia aérea, em razão da longa fila de espera. "Para pegar a fila do voucher e de hotel era impossível. Ia até a área de desembarque. Gigantesca. Por sorte, temos amigos de São Paulo e eles nos receberam", contou ela.

De volta ao Aeroporto de Congonhas na manhã desta segunda-feira, Mariana e os amigos estão se revezando na fila da GOL para tentar remarcar o voo.

"Voltamos para tentar remarcar o voo entre hoje e amanhã. Estamos desde as 7h30 aqui. Não há informações sobre nada. Já são mais de 3 horas na fila", disse a DJ, que já avisou no trabalho que não tem previsão para voltar.

A administradora Maria Eduarda, de 21 anos, teve o voo para Goiânia programado para domingo cancelado. No mesmo dia, conseguiu remarcar sua viagem para esta segunda-feira às 17h35. "Tentei ficar tranquila logo que soube do incidente. E procurei imediatamente tentar remarcar meu voo. Fui para um hotel e retornei para tentar embarcar nesta segunda-feira", afirmou ela, que preferiu escolher a hospedagem por conta própria.

Estadão
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