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'O desafio é diminuir o número de vítimas'

Hoje, estudos indicam que 10% das mulheres deixaram de ser mortas após a Lei Maria da Penha. Então, tem surtido efeito

7 ago 2021 - 17h07
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Quando a violência contra a mulher chega à polícia é porque tudo já deu errado antes: a educação, a saúde, a assistência social, a família. Muitas vezes, a polícia acaba sendo a porta de entrada para os casos, mas não pode ser a porta de saída. Para romper o ciclo da violência, a mulher precisa de ajuda psicológica, ter independência financeira e saber que ela não está sozinha.

A Lei Maria da Penha mudou a forma como o Estado passou a enxergar a vítima. Até então, não havia nada que deixasse claro que a mulher, apesar de ser maioria na sociedade, está sim mais vulnerável à violência pelo simples fato de ser mulher.

Jamila Jorge Ferrari, delegada de polícia e coordenadora das DDMs (Delegacia de Defesa da Mulher) no Estado de São Paulo
Jamila Jorge Ferrari, delegada de polícia e coordenadora das DDMs (Delegacia de Defesa da Mulher) no Estado de São Paulo
Foto: Secretaria de Segurança Pública / Divulgação / Estadão

A legislação chega para chacoalhar essa visão antiga que existia, pensar em prevenir crimes e criar políticas públicas de proteção. Hoje, estudos indicam que 10% das mulheres deixaram de ser mortas após a lei. Então, tem surtido efeito.

O principal desafio é diminuir o número de vítimas, que ainda é alto. A pandemia mostrou isso.

Foi por causa das dificuldades impostas pelo isolamento que criamos, em abril de 2020, a Delegacia de Defessa da Mulher (DDM) online em São Paulo. Funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. Sem sair de casa, ela pode registrar a ocorrência e mandar 'print' (imagem) com foto das lesões. Esse trabalho não substitui as delegacias físicas, mas anda lado a lado. Hoje são 138 DDMs, dez delas 24 horas. Até 2019, só tínhamos uma.

*Jamila Ferrari é coordenadora das Delegacias da Mulher

Estadão
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