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O que o Estado pretende mudar na PPP do Túnel Santos-Guarujá?

Alterações com desvio na chegada nas áreas urbanas das duas cidades e criação de "superquadra" têm objetivo de reduzir desapropriações no litoral de SP

31 out 2024 - 15h07
(atualizado às 15h32)
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O governo de São Paulo planeja fazer ajustes no plano de túnel submerso ligando Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, para atender a demandas de moradores da região. O Estado apresentou uma proposta de novo traçado durante reuniões com representantes do bairro Macuco na segunda-feira, 28, mas não divulgou detalhes.

Não foi alterada a configuração do túnel, que terá seis pistas, com três em cada sentido, uma delas podendo ser convertida para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A extensão total, incluindo os acessos, pode chegar a 3 km, se considerado o prolongamento na saída do túnel em Guarujá.

Para o engenheiro naval Casemiro Tercio Carvalho, que presidiu a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e o Departamento Hidroviário (DH), as mudanças pontuais não alteram a essência do projeto do túnel submerso, que ele considera muito bom. "Houve alterações nos encaixes da embocadura do túnel nos dois lados, em Santos e no Guarujá, mas o projeto está mantido. Está havendo boa convergência entre as equipes do estado e a autoridade portuária", disse.

A prefeitura de Santos informou ter participado da reunião onde foram apresentadas as diretrizes preliminares do novo projeto e aguarda o envio oficial da nova proposta para avaliação.

Quase um século

Uma ligação seca entre Santos e Guarujá vem sendo discutida há quase um século. Segundo o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo em Santos, em 1927 já se estudava a construção de um túnel escavado para a passagem do bonde elétrico. Em 1948, houve proposta do governo de São Paulo de se construir uma ponte levadiça sobre o estuário. No ano de 1970, o governo estadual propôs uma ponte com acesso helicoidal para manter o gabarito de passagem de navios para o porto.

Já neste século iniciou-se uma discussão entre ponte e túnel, até que em 2011 o governo estadual decidiu pelo túnel submerso, apresentando os projetos básico e executivo. Mas a ponte continuou sendo defendida e o processo para o túnel foi cancelado em janeiro de 2015.

Em fevereiro deste ano, nas comemorações dos 132 anos do Porto de Santos, o governo de São Paulo e o governo federal anunciaram uma parceria para a transposição do canal do estuário, com largura média de 400 metros, através de um túnel submerso.

O porto é formado por um conjunto de terminais de armazenagem e movimentação de cargas e passageiros instalados ao longo do estuário que divide os dois municípios, além de Cubatão. Atualmente, o trajeto de uma margem à outra principalmente para veículos pesados tem a opção rodoviária, pela rodovia Cônego Domênico Rangoni. O fluxo de carros, motos, ciclistas e pedestres é atendido pelo sistema de balsas.

Os dois sistemas estão saturados, sobretudo na alta temporada, devido à demanda de turistas. A travessia Santos-Guarujá por balsas é considerada a maior do mundo. O túnel reduziria a saturação.

O acordo de cooperação técnica entre os dois níveis de governo foi assinado no dia 16 de fevereiro e envolve, pela União, o Ministério dos Portos e Aeroportos e, pelo estado, a Secretaria de Parcerias em Investimentos, além da APS. Participam ainda como intervenientes a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e a Artesp. Em março, foi aberta consulta pública para receber sugestões da sociedade sobre o projeto, que agora recebe adaptações.

Etapas da construção

  • Preparação do solo: uma trincheira é cavada no fundo do camal para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos (peças de concreto) do túnel.
  • Construção: as peças construídas em doca seca próxima do local onde ficará o túnel contam com piscinas provisórias no interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.
  • Transporte: Prontas, as peças passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, as pelas flutuam para serem transportadas para o local da montagem do túnel.
  • Posicionamento: Os elementos (peças) são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.
  • Submersão: A água presente nas piscinas provisórias dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. O processo é monitorado por sensores.
  • Ligação dos elementos: Por meio de guinchos hidráulicos, as peças de concreto são aproximadas até o contato entre elas.
  • Acoplagem: A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.
  • Nivelamento: Em uma das extremidades da peça são ancorados macacos hidráulicos que movimentam pinos de aço para nivela o módulo. Os pinos são soldados e os macacos retirados. Em seguida é injetada areia na base, formando uma "cama" para assentar o elemento de túnel.
  • Proteção: Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.
Estadão
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