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Brumadinho: Oito funcionários da Vale são presos no RJ e MG

São cumpridos também 12 mandados de busca e apreensão; pedidos foram feitos pelo MP-MG e estão relacionados com a tragédia em Brumadinho

15 fev 2019 - 09h16
(atualizado às 10h31)
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Oito funcionários da Vale foram presos na manhã desta sexta-feira, 15, em Minas Gerais e Rio de Janeiro. As prisões foram em Belo Horizonte (MG), Itabira (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Ao todo, são 14 mandados de busca e apreensão, e oito de prisão. O pedido foi do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

O rompimento da barragem de Brumadinho, no dia 25 de janeiro, deixou 166 mortos e 147 desaparecidos até esta quinta-feira, 14, segundo números atualizados da Defesa Civil de Minas Gerais.

Logo da Vale
07/08/2017
REUTERS/Ricardo Moraes
Logo da Vale 07/08/2017 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

Entre os presos, estão quatro gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas. Segundo o MPMG, todos são diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem 1. As prisões temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias.

Um dos presos nesta sexta-feira é Alexandre Campanha, executivo da Vale, que foi preso na região centro-sul de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Ele prestou depoimento em 7 de fevereiro à força-tarefa que investiga o rompimento da barragem 1 na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Campanha foi citado pelo engenheiro Makoto Namba, da Tüv Süd, que disse ter se sentido pressionado pelo executivo a assinar documento atestando a estabilidade da barragem. Em depoimento, Campanha negou ter travado o diálogo com o responsável pelo laudo da barragem.

Alexandre Campanha é gerente executivo corporativo da Vale e, segundo depoimento de Namba à Polícia Federal, fez pressão para que assinasse o documento. "A Tüv Süd vai assinar ou não", teria dito Campanha, segundo Namba.

O engenheiro, então, disse ter respondido que assinaria se a Vale adotasse recomendações que fez em revisão periódica de junho de 2018. Namba afirmou ainda ter assinado o laudo e que se sentiu sob risco de perder o contrato.

Busca e apreensão

Segundo o Ministério Público, foram, ainda, alvos de busca e apreensão nesta sexta, em São Paulo e Belo Horizonte, quatro funcionários (um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo técnico) da empresa alemã TÜV SÜD, que prestou serviços para a Vale, referentes à estabilidade da barragem rompida. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão na sede da empresa no Rio de Janeiro.

Em nota, a Vale informou que "está colaborando plenamente com as autoridades" e que "permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas."

Questionada pelo Estado, a Vale não respondeu se os funcionários terão respaldo jurídico.

Procurada, a TÜV SÜD ainda não se manifestou.

A operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado de Minas Gerais e, ainda, com atuação dos Ministérios Públicos dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Todos os presos serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica.

Presos

Veja a lista dos presos:

Joaquim Pedro de Toledo

Renzo Albieri Guimarães Carvalho

Cristina Heloíza da Silva Malheiros

Artur Bastos Ribeiro

Alexandre de Paula Campanha

Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo

Hélio Márcio Lopes da Cerqueira

Felipe Figueiredo Rocha

Outras prisões

Esta não é a primeira vez que são presos funcionários da Vale por suposto envolvimento no caso Brumadinho. Em 29 de janeiro, dois engenheiros da empresa alemã TÜV SÜD que atestaram a segurança da barragem e três funcionários da Vale foram presos por suspeita de homicídio qualificado.

Eles foram soltos uma semana depois após decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os magistrados não viram fundamentos legais que justificassem a prisão temporária dos presos.

A decisão colocou em liberdade os engenheiros André Jum Yassuda, Makoto Namba, Rodrigo Artur Gomes de Melo, gerente executivo operacional da Vale, Ricardo de Oliveira, gerente de meio ambiente da Vale, e Cesar Augusto Paulino Grandchamp.

Troca de e-mails

A Polícia Federal identificou em e-mails trocados por funcionários da Vale e da consultoria alemã Tüv Süd que a empresa de mineração já sabia de problemas com sensores da barragem.

No depoimento aos policiais, ao ser questionado sobre o que faria se tivesse um filho no local e soubesse das informações contidas na troca de e-mails, Namba disse que o mandaria sair imediatamente. E afirmou que acionaria a Vale para disparar o plano de emergência.

A barragem de Brumadinho se rompeu em 25 de janeiro. Os e-mails foram trocados entre os dias 23 e 24, antevéspera e véspera da tragédia e citam dados "discrepantes" colhidos no dia 10 de janeiro, ou seja, 15 dias antes da tragédia.

Veja também:

Imagens mostram momento em que barragem de Brumadinho rompe:
Estadão
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