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Onda de incêndios e violência leva pânico a Manaus

Os ataques foram atribuídos à facção criminosa Comando Vermelho; ao menos 16 ônibus e vários outros veículos foram incendiados

6 jun 2021 - 15h04
(atualizado às 15h14)
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Ao menos 16 ônibus e vários outros veículos, incluindo duas viaturas policiais, foram incendiados, entre a noite de sábado, 5, e a madrugada deste domingo, 6, em Manaus, capital do Amazonas. Uma agência bancária também foi alvo de ataque e incêndio no bairro Compensa 2. A onda de violência que atingiu também outras cidades, como Careiro e Parintins, foi atribuída à facção criminosa Comando Vermelho e teria sido represália pela morte de um traficante em confronto com a Polícia Militar.

Funcionários de empresa de ônibus, trabalham para remover dois ônibus dos 14 que foram queimados por facções em ataques
Funcionários de empresa de ônibus, trabalham para remover dois ônibus dos 14 que foram queimados por facções em ataques
Foto: Edmar Barros / Futura Press

Um prédio da prefeitura de Manaus também foi incendiado durante os ataques que teriam sido ordenados pela facção criminosa. O escritório da repartição e um trator que estavam no local foram queimados no bairro Compensa. Os vigilantes foram obrigados a deixar o local quando os criminosos chegaram, encapuzados e com galões de gasolina. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Manaus, quatro suspeitos de participar dos atos criminosos foram presos.

Os ataques acontecem no momento em que a capital do Amazonas já vive o drama das enchentes. No sábado, 5, o Rio Negro atingiu 30 metros no Porto de Manaus, o maior nível em 119 anos, desde que as medições começaram a ser feitas, segundo o Serviço Geológico do Brasil. O recorde anterior era de 2012, quando o rio atingiu 29,98 metros. Em todo o estado, mais de 400 mil pessoas foram atingidas pelas inundações.

Temendo novos ataques, a empresa responsável pelo transporte coletivo recolheu toda a frota, deixando a cidade sem ônibus. A empresa de coleta de lixo também suspendeu os serviços, depois que um caminhão coletor foi incendiado. A Secretaria da Segurança Pública de Manaus criou um comitê de crise e triplicou o policiamento nas ruas da capital.

Conforme o secretário, coronel Louismar Bonates, a onda de violência aconteceu em represália à morte do traficante Erick Batista Costa, conhecido como "Dadinho". Ele foi morto na noite de sábado, em confronto com policiais da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), no bairro Redenção, em Manaus.

A ordem dos ataques teria partido de um presídio onde cumpre pena um irmão de "Dadinho", conhecido como "Ton". Os ônibus foram parados e incendiados, depois que os passageiros foram obrigados a descer. Automóveis, o caminhão coletor e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foram incendiados. Foram queimadas também uma viatura da Polícia Militar e outra da Polícia Civil.

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetran) disse que, devido aos ataques "aparentemente de caráter terrorista", causando pânico nos operadores de serviços, a empresa de transporte coletivo foi obrigada a recolher toda a frota. Segundo o sindicato, a abordagem e os incêndios foram praticados por "grupos encapuzados e armados", disseminando o medo e inviabilizando um serviço essencial.

Também em nota, a prefeitura de Manaus informou que, por conta dos atos de vandalismo e ataques contra ônibus ocorridos na madrugada deste domingo, 6, a frota em circulação foi retirada das ruas por algumas horas. "A liberação ocorreu às 6h, mas como aconteceram novos ataques às 6h45, os veículos foram recolhidos para as garagens."

Conforme a prefeitura, após reunião com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e a garantia de segurança à integridade física dos trabalhadores e da população, dada pela secretaria estadual, ficou definido o retorno da circulação a partir do meio-dia. "Agentes estão nas ruas monitorando o trânsito e organizando o tráfego em todas as zonas da cidade", informou. No início da tarde, no entanto, ainda havia relatos da falta de transporte coletivo em grande parte da capital amazonense.

Estadão
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