Operação contra 'quartel' do Comando Vermelho deixa 5 mortos no Paraguai
Cerca de 60 agentes invadiram a casa-sede de uma fazenda onde estavam entre 20 e 25 criminosos; houve intensa troca de tiros
Uma operação da polícia contra uma base da facção carioca Comando Vermelho resultou na morte de cinco suspeitos, um deles brasileiro, na cidade paraguaia de Capitan Bado, na fronteira com o Brasil.
Cerca de 60 agentes dirigidos pelo comandante da Polícia Nacional do Paraguai, Walter Vázquez, invadiram a casa-sede de uma fazenda onde estavam entre 20 e 25 criminosos. Outros seis suspeitos foram presos, entre eles o chefe do grupo, que foi baleado, mas sobreviveu. Os demais conseguiram fugir durante intensa troca de tiros com os policiais.
A ação aconteceu no último dia 1.o, mas os detalhes só foram divulgados nesta sexta-feira, 3. De acordo com o ministro do Interior, Juan Ernesto Villamayor, a operação foi autorizada pelo próprio presidente paraguaio, Mario Abdo Benitez. Segundo ele, o grupo havia convertido a fazenda em um "quartel" da facção carioca, com um sistema de câmeras e forte aparato de segurança. O local estava em obras para abrigar um laboratório de processamento de drogas que seriam enviadas para o Rio de Janeiro. Além de um arsenal, inclusive fuzis antiaéreos, foram apreendidos quatro veículos de luxo blindados.
Conforme relato da Polícia Nacional, o comando da operação entrou no local após arrombar o portão usando um veículo tático blindado. Atrás, seguiram as viaturas patrulheiras com as sirenes ligadas. O sentinela que guardava o primeiro portão estava aparentemente dormindo e não reagiu. Um vigia que estava sobre uma torre de vigilância próxima da casa abriu fogo contra os agentes com um fuzil calibre 5.56. Os policiais se espalharam e, em meio ao tiroteio, um grupo de suspeitos fugiu pelos fundos, mas acabou encontrando outra patrulha que cercava o imóvel.
No confronto, cinco suspeitos foram abatidos, entre eles o brasileiro Elson Alan Ribeiro Barros, de 28 anos, e o paraguaio Rubem Portillo, de 32. Os outros ainda não foram identificados. Entre os presos, haviam duas mulheres e uma adolescente, que acabou liberada. O promotor Hugo Volpe, que acompanhou a operação, disse que o grupo era remanescente da célula do Comando Vermelho que agia na fronteira, entre Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul, e Capitan Bado, no Paraguai. Além de realizar sequestros de fazendeiros, eles atuavam na rede de tráfico de maconha dirigida por Roberto Núñez Portillo, baleado na operação - ele permanece internado, sob escolta, em hospital de Assunção.
No dia 5 de abril, o grupo assaltou um banco em Coronel Sapucaia. Os bandidos usaram explosivos para arrombar o cofre central da agência do Sicred e furaram a tiros de fuzil um cerco policial para fugir com o dinheiro. De acordo com o promotor, a operação é mais uma demonstração de que o governo paraguaio decidiu enfrentar o crime organizado brasileiro, que se infiltra através das fronteiras permeáveis e atua no recrutamento de paraguaios para manter a rede que alimenta o tráfico internacional.