PF e Ibama desativam 11 balsas de garimpo ilegal no Pará
Até o momento, a Funai já identificou cerca de 2.800 indígenas foram contaminados pelos resíduos despejados nos rios da região
BRASÍLIA - Uma operação conjunta contra o garimpo ilegal de ouro realizada por agentes da Polícia Federal (PF), do Ibama e da Polícia Militar do Pará resultou na desativação de 11 balsas de garimpo ilegal na terra indígena Kayapó, no Pará. Os agentes também apreenderam 27 escavadeiras hidráulicas, 26 motobombas, três tratores e desativaram duas pistas de pouso clandestinas na terra indígena.
Segundo informações do Ibama, dez acampamentos que davam suporte à atividade ilegal foram desmontados.
A operação "Muiraquitã" teve apoio de sete aeronaves. Foram realizadas perícias nos rios Branco e Fresco, na região nordeste da terra indígena, para avaliar a extensão dos danos causados pelo garimpo. "As informações reunidas em campo integram inquéritos para responsabilização criminal dos infratores", informou o órgão de fiscalização ambiental.
Nos últimos quatro anos, esta é a quinta vez que o Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama realiza ação de combate ao garimpo ilegal na terra indígena Kayapó. O ciclo de operações foi iniciado a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai). Em outubro de 2017, o GEF desativou 13 balsas, 12 escavadeiras hidráulicas e quatro motobombas na região. Na ocasião, cerca de 700 gramas de mercúrio, material extremamente poluente usado na extração de ouro, foram apreendidos pelos agentes ambientais.
Segundo o Ibama, em terras indígenas e unidades de conservação onde a remoção do maquinário é inviável na maioria dos casos, a destruição das máquinas é a única medida efetiva para impedir a continuidade do dano ambiental.
Com 3,28 milhões de hectares, a terra indígena Kayapó abrange os municípios paraenses de Cumaru do Norte, Bannach, Ourilândia do Norte e São Felix do Xingu.
Conforme informou o Estado na semana passada, a PF investiga a relação dos garimpeiros ilegais com compradores do exterior. Estão na mira dos investigadores uma família italiana que estaria envolvida no fomento da exploração do ouro na região e um empresário chinês do setor financeiro.
Até o momento, a Funai já mapeou que cerca de 2.800 indígenas foram contaminados pelos resíduos do garimpo ilegal despejados nos rios da região. A extensão dos danos causados será avaliada por peritos criminais federais que participam da operação e estão coletando informações e materiais que resultarão em laudo pericial.
O nome da operação faz referência aos objetos utilizados por "povos indígenas como amuletos, símbolos de poder ou, ainda, como material para compra e troca de artefatos valiosos".
"A atividade mineradora clandestina ocasiona diversos danos ao meio ambiente e aos indígenas, sendo os mais recorrentes: desvio do curso de rios, desmonte hidráulico (no caso de garimpagem mecânica), aterramento de rios e contaminação do solo, ar e águas através de metais pesados, principalmente o mercúrio, extinção de vegetação e animais e contaminação dos silvícolas", diz nota da PF sobre a operação.