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Operação mira advogados e líderes de ONG suspeitos de vínculos com PCC

Investigação é do Ministério Público e da Polícia Civil; seccional paulista da OAB disse acompanhar o caso e ressaltou seu compromisso com a legalidade; procurados, os responsáveis pela organização não governamental ainda não falaram

14 jan 2025 - 13h10
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O Ministério Público de São Paulo e a Polícia Civil deflagraram nesta terça-feira, 14, uma operação para cumprir 12 mandados de prisões preventivas e 14 de busca e apreensão contra advogados e líderes de uma organização não governamental (ONG) envolvidos com o crime organizado. A Ong Pacto Social & Carcerário São Paulo, alvo da operação, teria, conforme a investigação, vínculos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Agentes da Polícia Civil durante operação contra Ong supostamente vinculada ao PCC.
Agentes da Polícia Civil durante operação contra Ong supostamente vinculada ao PCC.
Foto: Polícia Civil/Divulgação / Estadão

Procurada, a seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse acompanhar a investigação e ressaltou "seu compromisso com a ética e a legalidade". Já os responsáveis pela ONG foram contatados pelas suas redes sociais e ainda não deram retorno.

Conforme a Polícia Civil, a ONG teve os seus serviços suspensos por ordem judicial. O presidente e o vice-presidente da entidade também são alvos da operação. Segundo as autoridades, foram oito presos nas ruas (sendo três advogados) e quatro alvos de mandados de prisão são detentos do sistema carcerário.

O nome da operação, "Scream Fake" (Falso Grito, em tradução), refere-se a uma participação da ONG no documentário Grito, produzido em 2024, pela Netflix, que discute o sistema carcerário e seu impacto nas famílias dos detentos.

Os mandados são cumpridos nas cidades de São Paulo, Guarulhos, Presidente Prudente, Flórida Paulista, Irapuru, Presidente Venceslau e Ribeirão Preto, além de Londrina, no Paraná.

As investigações começaram há cerca de três anos, quando um visitante da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau tentou entrar na unidade com cartões de memória escondidos nas roupas. O material foi analisado, juntamente com manuscritos de detentos, apontando para uma divisão de setores na facção: "gavatas", "saúde" e "financeiro".

Os advogados - "gravatas" - seriam os responsáveis pela assistência jurídica, além de gerenciar outros departamentos da organização criminosa. O setor da "saúde" respondia pela seleção de médicos e dentistas para prestar atendimento no interior das penitenciárias.

De acordo com a Polícia Civil, os profissionais de saúde realizavam inclusive intervenções cirúrgicas e estéticas, sem saber que estavam colaborando com os integrantes da facção, mas recebiam valores expressivos para isso.

Conforme a investigação, a ONG financiava esses procedimentos com recursos obtidos pelo "setor financeiro", por meio de práticas criminosas. Foi descoberto um quarto setor, o das "reivindicações", que promove ações judiciais legítimas para "desestabilizar o sistema de justiça criminal e colocar a opinião pública contra o poder estatal", segundo a Polícia Civil.

A Ong Pacto Social está localizada no interior de uma comunidade, em São Bernardo do Campo, e atua na defesa dos direitos dos presos. Segundo a operação, ela estaria sendo usada para ser a "voz" das lideranças dessa organização criminosa vinculada ao PCC.

Agentes da Polícia Civil durante operação contra Ong supostamente vinculada ao PCC.
Agentes da Polícia Civil durante operação contra Ong supostamente vinculada ao PCC.
Foto: Polícia Civil/Divulgação / Estadão
Estadão
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