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Padre celebridade é investigado por desvio de R$ 130 milhões em doações

Robson Oliveira Pereira é suspeito dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsificação de documentos e sonegação fiscal; ele tem 3.9 milhões de seguidores apenas no Facebook

23 ago 2020 - 15h54
(atualizado às 17h12)
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GOIÂNIA - O Ministério Público de Goiás investiga o envolvimento do Padre Robson de Oliveira Pereira em crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsificação de documentos e sonegação fiscal. A investigação levou ao afastamento do religioso da presidência da Associação Pai Eternos e Perpétuo Socorro (Afipe), ligada à Basílica do Divino Pai Eterno, na cidade goiana Trindade.

Alvo de investigação, Padre Robson Oliveira Pereira tem 3,9 milhões de seguidores no Facebook
Alvo de investigação, Padre Robson Oliveira Pereira tem 3,9 milhões de seguidores no Facebook
Foto: Facebook/Reprodução / Estadão

Popular entre seguidores da Igreja Católica, o padre tem 3,9 milhões de seguidores somente no Facebook. O MP investiga o desvio de pelo menos R$ 120 milhões de doações de fiéis que teriam sido usados, segundo a denúncia, para aquisição de imóveis, entre os quais uma fazenda de R$ 6 milhões na cidade goiana de Abadiânia, e de uma casa de praia, no valor de R$ 3 milhões, em Guarajuba, na Bahia.

O afastamento do padre Robson foi comunicado, em nota, pela Arquidiocese de Goiânia. Na nota, assinada pelo arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a arquidiocese informa que a associação irá contratar uma "empresa idônea de auditoria externa, no sentido de ser realizada ampla e profunda apuração de documentos e dados relativos à Afipe".

Segundo o advogado Pedro Paulo Medeiros, que representa padre Robson, o afastamento se deu para que ele possa se dedicar aos esclarecimentos ao MP, uma vez que trabalha em tempo integral na Afipe e na Basílica de Trindade, da qual é reitor.

Em um vídeo, padre Robson diz que vai continuar rezando as novenas e terças. Essas orações são transmitidas diariamente pela TV Pai Eterno e acompanhadas por fiéis do País inteiro.

A operação Vendilhões, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP, investiga a movimentação de cerca de R$ 120 milhões em aquisições de imóveis.

Acatando o pedido do MP, a juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreensão em 16 endereços ligados ao padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno. Ele não atendeu ao pedido de prisão do padre.

Na decisão, a juíza afirma que, "além da suposta utilização das doações dos fiéis para a aquisição de imóveis de elevado valor econômico, infere-se que investigados estariam envolvidos em um articulado esquema criminoso voltado ao desvio de verbas das Afipe e à consequente lavagem, dissimulação e ocultação dos recursos, por meio de "laranjas" e empresas de 'fachada' - com vistas a dificultar o rastreamento do dinheiro e posterior ressarcimento dos danos suportados pela entidade religiosa".

Sobre a transação da fazenda, a denúncia do MP aponta que a "Afipe adquiriu a Fazenda Serenata e Monjolinho, em Abadiânia/GO, da Agropecuária Nova e Eterna Aliança Ltda., pelo valor de R$6.308.000, em 17 de março de 2016, e que, mais de 3 anos depois, a Afipe vendeu o imóvel rural para a empresa Terra Nobre, pelo mesmo valor, R$ 6.308.000. Salientaram que a Terra Nobre foi criada em 11 de abril de 2018 e, um ano depois, comprou da Afipe a Fazenda Serenata e Monjolinho, única transação imobiliária entre as citadas empresas".

O advogado Pedro Paulo Medeiros afirma que os imóveis citados na denúncia do MP fazem parte das aplicações da Afipe, cujo lucros foram destinados à construção da nova Basílica, à compra da TV pai Eterno e rádios e à construção de igrejas.

A investigação teve início em 2018, quando padre Robson foi vítima de extorsão e teria pago R$ 2 milhões para não ter vídeos expostos na internet. O advogado Pedro Paulo Medeiros admite o pagamento da chantagem com recursos da Afipe, mas afirma que os pagamentos foram feitos de forma simulada sobre a orientação da polícia que investigava o caso.

Estadão
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