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Padre suspeito de desvios em igreja é afastado das funções

Religioso é investigado pela Operação Vendilhões, deflagrada na última sexta, por suposta apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal

24 ago 2020 - 10h11
(atualizado às 10h15)
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GOIÂNIA - A arquidiocese de Goiânia suspendeu temporariamente o direito do padre Robson de Oliveira de realizar celebrações. Em decisão de domingo, 23, a arquidiocese definiu que o padre, que é investigado pelo Ministério Público de Goiás por supostos desvios de doações de fiéis em valores que podem superar R$ 120 milhões, está proibido de qualquer ato de ministério sacerdotal, como a absolvição de pecados e pregação, assim como "participar, realizar e protagonizar programas de televisão, rádio ou internet". Segundo o decreto, o religioso está afastado de suas funções religiosas até janeiro de 2022.

A nota sobre a revogação foi assinada pelo Arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, e pelo chanceler Dom Levi Bonatto e tem como justificativa "a necessidade de prevenir escândalos, garantir o curso da justiça e tutelar a fé, bem como investigar as acusações realizadas contra o padre Robson de Oliveira".

Alvo de investigação, Padre Robson Oliveira Pereira tem 3,9 milhões de seguidores no Facebook
Alvo de investigação, Padre Robson Oliveira Pereira tem 3,9 milhões de seguidores no Facebook
Foto: Facebook/Reprodução / Estadão Conteúdo

O padre já havia se afastado da reitoria do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, de Trindade (GO), e da presidência da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), entidade que recebe e administra os recursos recebidos em doação.

De acordo com o decreto, padre André Ricardo assumiu o cargo de padre Robson na Basílica de Trindade.

Em vídeo divulgado no sábado, 22, padre Robson havia manifestado o interesse em continuar com as orações transmitidas diariamente pela TV Divino Pai Eterno, o terço e a novena, logo após se afastar das atividades administrativas da igreja e da associação.

Em nota encaminhada à imprensa na noite de domingo, 23, pela assessoria, o religioso afirma que "recebe com humildade a revogação temporária do uso de ordens. Trata-se de um procedimento previsto no direito canônico" e que ele seria "o maior interessado no esclarecimento de todas as questões e na total transparência de todas as suas ações".

Operação Vendilhões

Padre Robson é investigado pela Operação Vendilhões, deflagrada na sexta-feira, 21, por suposta apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal.

Acatando o pedido do MP, a juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreensão em 16 endereços ligados ao padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno. Ela não atendeu ao pedido de prisão do padre.

Na decisão, a juíza afirma que, "além da suposta utilização das doações dos fiéis para a aquisição de imóveis de elevado valor econômico, infere-se que investigados estariam envolvidos em um articulado esquema criminoso voltado ao desvio de verbas das Afipe e à consequente lavagem, dissimulação e ocultação dos recursos, por meio de "laranjas" e empresas de 'fachada' - com vistas a dificultar o rastreamento do dinheiro e posterior ressarcimento dos danos suportados pela entidade religiosa".

O advogado Pedro Paulo Medeiros afirma que os imóveis citados na denúncia do MP fazem parte das aplicações da Afipe, cujo lucros foram destinados à construção da nova Basílica, à compra da TV pai Eterno e rádios e à construção de igrejas.

A investigação teve início em 2018, quando padre Robson foi vítima de extorsão e teria pago R$ 2 milhões para não ter vídeos expostos na internet. O advogado admite o pagamento da chantagem com recursos da Afipe, mas afirma que os pagamentos foram feitos de forma simulada sobre a orientação da polícia que investigava o caso.

Estadão
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