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Pai de criança de 4 anos morta durante confronto em Santos também foi baleado em operação da PM

Leonel Andrade Santos morreu em fevereiro, aos 36 anos, durante a Operação Verão; policiais alegaram que ele teria apontado uma arma para eles

6 nov 2024 - 19h13
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A morte de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, na noite de terça-feira, 5, em Santos, ampliou uma tragédia já vivida pela família. O pai do menino, Leonel Andrade Santos, morreu em fevereiro deste ano, aos 36 anos, após ser baleado por policiais durante a Operação Verão. Ele tinha uma deficiência nas pernas e usava muletas.

O menino Ryan, de 4 anos, brincava na rua quando foi atingido por um disparo, durante confronto entre policiais militares e suspeitos, em Santos, no litoral de São Paulo.
O menino Ryan, de 4 anos, brincava na rua quando foi atingido por um disparo, durante confronto entre policiais militares e suspeitos, em Santos, no litoral de São Paulo.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

Os policiais alegaram que ele teria apontado uma arma em direção a eles, durante uma investigação de tráfico de drogas. Um amigo dele, Jeferson Miranda, de 37 anos, também foi baleado e morto. A Operação Verão, que deixou um saldo de 56 mortos, é investigada pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo.

A mãe de Ryan, a cozinheira Beatriz da Silva Rosa, de 29 anos, cuidava dos três filhos do casal. Com a morte do menino, a viúva ficou com um casal de filhos pequenos.

Em sua rede social, ela ainda estampava o luto pela morte do marido. "Quantas saudades eu sinto, meu menino de você, me sustenta aí de cima", escreveu. Em outras postagens, ela agradeceu a ajuda da comunidade do Morro São Bento para "seguir em frente" e cuidar das crianças.

O menino Ryan da Silva Andrade Santos brincava na rua quando foi atingido por um tiro na barriga. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu. Segundo a PM, o tiro que atingiu a criança pode ter sido disparado por um policial.

Dois adolescentes também foram atingidos durante a troca de tiros e um deles morreu. Uma jovem de 24 anos também foi vítima de bala perdida, mas foi ferida apenas de raspão.

O confronto com mortos e feridos deixou tenso o clima na Baixada Santista. A PM anunciou o envio da Tropa de Choque para prender os suspeitos de terem causado o conflito. O policiamento será reforçado também com outros batalhões, a exemplo do que aconteceu em operações recentes, como a Operação Escudo e a Operação Verão.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que os policiais reagiram ao serem atacados por um grupo com cerca de 10 suspeitos. Os agentes faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas quando foram recebidos a tiros. A Polícia Civil abriu inquérito e determinou perícia nas armas apreendidas no local para esclarecer a origem do tiro que matou a criança.

Operação Verão

O pai de Ryan foi uma das 56 vítimas da Operação Verão, realizada na Baixada Santista. Quando a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo anunciou em abril o encerramento da operação, o balançou apontava que, durante os 105 dias em que policiais do interior e da capital foram deslocados para trabalhar na região, a polícia apreendeu 1.025 adultos e apreendeu 47 menores de 18 anos, 2,6 toneladas de drogas e 119 armas de fogo ilegais, segundo a pasta. As 56 mortes pela polícia representavam uma média de 1 óbito a cada dois dias.

A ação foi criticada pela alta letalidade policial - famílias dizem haver inocentes entre os mortos. À época, o governo negou irregularidades e disse investigar os casos. O Estado também atribuiu a necessidade do policiamento ostensivo ao avanço do crime organizado na região.

O menino Ryan, de 4 anos, brincava na rua quando foi atingido por um disparo, durante confronto entre policiais militares e suspeitos, em Santos, no litoral de São Paulo.
O menino Ryan, de 4 anos, brincava na rua quando foi atingido por um disparo, durante confronto entre policiais militares e suspeitos, em Santos, no litoral de São Paulo.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão
Estadão
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