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Para polícia, quadrilha tinha informações privilegiadas

O bando pode ter tomado conhecimento sobre rotina de circulação de valores no banco que foi o maior alvo do ataque em Botucatu

31 jul 2020 - 05h10
(atualizado às 07h26)
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A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo acredita que a quadrilha que atacou bancos e promoveu terror na cidade de Botucatu, no interior do Estado, agiu a partir de informações privilegiadas para cometer o crime. O bando pode ter tomado conhecimento sobre a rotina de circulação de valores no banco que foi o maior alvo do ataque, na madrugada da quinta-feira, 30.

Cerca de 200 policiais foram acionados para atender a ocorrência em Botucatu
Cerca de 200 policiais foram acionados para atender a ocorrência em Botucatu
Foto: REPRODUÇÃO / Estadão

"Era uma tesouraria (o alvo). A polícia não tinha essa informação (sobre a circulação de dinheiro), mas os marginais acabaram tendo uma informação privilegiada e foram nessa agência específica estourar o cofre", disse ao Estadão o secretário executivo da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo. O oficial se referia ao Serviço Regional de Tesouraria (Seret) do Banco do Brasil de Botucatu. Os Serets se tornaram alvos preferenciais dos criminosos por acumular grandes quantias de dinheiro.

A quantia levada não foi revelada. O ataque repetiu assaltos similares ao contar com um grande número de criminosos espalhados pela cidade, explosões simultâneas e tiros contra os policiais que atendem aos chamados. Os criminosos incendiaram cinco veículos e abriram fogo contra viaturas e bases da Polícia Militar. Pessoas que estavam na rua ou passavam de carro foram feitas reféns.

Em pelo menos quatro oportunidades, os criminosos entraram em confronto na madrugada com a polícia, que atuou na cidade com batalhões especializados, com agentes do Comando e Operações Especiais (COE) e das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Na fuga, os criminosos atearam fogo em uma carreta, no km 263 da rodovia Marechal Rondon, sentido de São Manuel.

O cerco contra a quadrilha prosseguiu até a manhã desta quinta-feira e a Secretaria da Segurança Pública estima que 200 policiais tenham participado da operação, que contou com dois helicópteros e 70 viaturas. Às 8 horas da manhã, um suspeito foi baleado em uma mata, na periferia da cidade.

Levado ao Hospital das Clínicas de Botucatu, o homem não resistiu e morreu. Sua identificação não foi revelada, mas os investigadores esperam usar essa informação para começar a descobrir quem são os demais responsáveis pelo ataque. A identidade pode levar a outros crimes similares. A investigação contará com o apoio da Delegacia de Roubos a Bancos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que em outras oportunidades já realizou esse tipo de cruzamento de informações.

Camilo disse que o modo de atuação da quadrilha mostra que a ação foi amplamente planejada por contar com armamento pesado, explosivos, coletes balísticos. "A polícia de São Paulo tem tomado providências para que esse crime seja reduzido ou não aconteça no interior do Estado e temos dado resposta com maior poder de reação."

O Banco do Brasil, cuja agência de Botucatu foi a mais danificada nos ataques, informou em nota que não abriu nesta quinta-feira "após ataque criminoso do tipo novo cangaço". Segundo o BB, houve danos estruturais em parte da unidade pelo uso de explosivos. Também confirmou ter recebido perícia do esquadrão anti-bombas e que equipes de engenharia e manutenção foram deslocadas para o local para avaliar danos e procedimentos de limpeza.

Estadão
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