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"Paraguai não está preparado para o PCC", diz pesquisador

'No Paraguai, tudo é novidade. A presença do PCC é novidade, assim como as estratégias e os grandes subornos', afirma Bruno Paes Manso

20 jan 2020 - 05h11
(atualizado às 06h46)
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Embora conviva com a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) em seu território nos últimos anos, o Paraguai ainda não está preparado para as ações da facção e a fuga dos 75 presos é mais um desafio para o país vizinho. A avaliação é do pesquisador Bruno Paes Manso, membro do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP).

Três caminhonetes foram incendiadas no lado brasileiro da fronteira com o Paraguai, em Ponta Porã, após a fuga de presos do PCC de presídio de Pedro Juan Caballero
Três caminhonetes foram incendiadas no lado brasileiro da fronteira com o Paraguai, em Ponta Porã, após a fuga de presos do PCC de presídio de Pedro Juan Caballero
Foto: Sejusp MS / Divulgação / Estadão Conteúdo

"No Paraguai, tudo é novidade. A presença do PCC é novidade, assim como as estratégias, os grandes subornos. E isso abre brechas."

Segundo Paes Manso, coautor do livro A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil, a articulação do PCC para realizar suas atividades teve impacto no país. De acordo com ele, embora tivesse venda de drogas em seu território, o Paraguai não registrava a atuação de organizações criminosas do porte da facção brasileira.

"Apesar de ser um país importante para a maconha e de passagem de cocaína da Bolívia, a venda de drogas sempre foi muito orgânica. O PCC chega de forma muito truculenta, com outra relação no mercado de drogas e com uma estratégia muito agressiva de dominar os presídios para assustar o Paraguai."

Aumento

O pesquisador explica que a escalada para o mercado internacional ocorre em meados de 2006, quando Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, já consolidado na liderança da facção, leva a cabo a estratégia de ingressar na venda da droga pelo atacado. Para isso, faz contatos com criminosos no Paraguai e na Bolívia.

A organização criminosa se fortalece em 2016, ano em que o então comandante do tráfico local, Jorge Toumani Rafaat, o "rei da fronteira", é executado pelo PCC. O crime ocorre em Pedro Juan Caballero.

"Os integrantes vão sendo presos no Paraguai com frequência e começaram a dominar os presídios paraguaios, porque esse é o mecanismo com que eles trabalham."

O especialista avalia que o governo paraguaio vai precisar, a partir do impacto desse caso, desenvolver estratégias de segurança pública.

"O PCC aprendeu a crescer e a ser forte com os seus chefes presos. Mas a fuga é muito considerada. Quem foge ganha respeito e uma aura de mito. E o lema do PCC é paz, justiça e liberdade."

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