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"Paralisação de caminhoneiros é inevitável", diz deputado

O deputado Nereu Crispim (PSL-RS) é presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista

25 out 2021 - 21h09
(atualizado às 21h13)
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Uma paralisação dos caminhoneiros em 1º de novembro é encarada como inevitável diante da alta do preço dos combustíveis e de frustração da categoria após dois anos de reuniões infrutíferas com o governo, afirmou o deputado Nereu Crispim (PSL-RS), presidente a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista.

O deputado, que além de presidir o grupo parlamentar com mais de 200 deputados e 20 senadores, também é uma das lideranças da categoria nas negociações com o governo federal e afirma: o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, principal integrante do Executivo a conversar com os caminhoneiros, já não é considerado mais um bom interlocutor.

"É inevitável (a paralisação). Eu, como parlamentar e como presidente da frente, não é que eu não apoie, viu, porque eu sei os problemas que advêm de uma paralisação. Mas também a gente não pode furtar o direito, garantido na Constituição, de eles reivindicarem melhores condições de trabalho, porque realmente está muito difícil", disse o deputado à Reuters.

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Foto: Thomaz Silva / Agência Brasil

Crispim relatou que a categoria unificou, em uma reunião ocorrida em 18 de setembro que contou com aproximadamente 60 lideranças de 22 Estados, a pauta a ser levada em novas conversas com o governo, que incluem a discussão do piso mínimo de frete, a aposentadoria especial, e unificação de documentos fiscais, além da discussão de temas como o Preço de Paridade de Importação (PPI).

Mas, de acordo com o parlamentar, "o diesel começou a aumentar demais e não teve jeito, a categoria falou 'olha, nós vamos entrar em estado de greve'".

Na esteira dos sucessivos reajustes no preço do combustível, a frente parlamentar chegou a enviar uma série de ofícios a diversos ministérios e à Presidência da República. Nos documentos, o grupo parlamentar se coloca à disposição para ajudar na interlocução "diante da deflagração do estado de greve em situação de crise econômica atual com repercussão na sociedade em geral, com potencial de progressão para paralisação iminente".

Chegou a ser marcada uma reunião para a quarta-feira desta semana, com representantes da Casa Civil, do Ministério da Infraestrutura, e da categoria. A audiência, no entanto, foi cancelada, "em razão das notícias veiculadas na imprensa de que a reunião seria realizada com a participação de ministros de Estado, o que não se coaduna com o convite enviado, esta Secretaria Especial de Articulação Social informa o cancelamento da reunião do dia 28/10/21", segundo mensagem enviada aos convidados.

Crispim acredita que um dos motivos seja sua participação, que teria sido encarada como uma tentativa de "se promover".

"Eu, particularmente, não tenho vaidade alguma ou estou à procura de aplausos. Podem fazer reunião com quem eles desejarem fazer. Resolvendo ou dando um caminho para solução das pautas dos caminhoneiros autônomos e celetistas... me basta", disse à Reuters.

"Também mudem a política de preços da Petrobras que só está gerando miséria, fome, desigualdade e inflação", acrescentou.

O deputado avaliou, ainda, que o ICMS tem seu peso na composição do preço do combustível, mas não é o principal problema, classificando proposta recentemente aprovada pela Câmara sobre o assunto de "ação politiqueira para transferir a responsabilidade do preço dos combustíveis para os governadores".

Questionado, o parlamentar também criticou a tese da privatização da Petrobras -- uma empresa "saudável" e "sustentável".

Sobre o auxílio prometido pelo presidente Jair Bolsonaro a caminhoneiros autônomos de 400 reais, afirmou que foi mal recebido entre os grupos de WhatsApp da categoria.

"Isso na realidade pegou muito mal nos grupos de zap dos caminhoneiros. Inclusive entre os próprios bolsonaristas, eles acharam uma falta de respeito, uma piada. Eles inclusive alegam que isso é uma esmola e que teoricamente eles seriam mais uma parte da população brasileira que estaria vivendo assistencialismo político eleitoreiro oportunista", afirmou.

"O que na realidade a categoria quer: é resolver problema da política de preços da Petrobras, resolver problema da tabela de piso mínimo e administrar seu caminhão", afirmou

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