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Parlamentares apuram violência de garimpeiros contra ianomâmis

Comitiva de deputados e senadores viajará a Boa Vista para acompanhar as medidas de combate ao avanço do garimpo ilegal

3 mai 2022 - 20h17
(atualizado em 4/5/2022 às 07h39)
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Uma comitiva de parlamentares do Senado e da Câmara dos Deputados viajará no próximo dia 12 para Boa Vista, capital de Roraima, para tratar das denúncias de violência que estariam acontecendo na Terra Indígena Yanomami. Conforme o senador Humberto Costa (PT-PE), autor do requerimento aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, as diligências são necessárias para acompanhar as medidas de combate ao avanço do garimpo ilegal na terra dos ianomâmis. 

O requerimento foi apresentado depois que o senador ouviu do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari, pedido para que seja mantida a investigação das denúncias de estupro e morte de uma menina ianomâmi de 12 anos por garimpeiros. A garota teria sido sequestrada na aldeia Aracaçá, na região de Wiakás, na TI Yanomami, e levada para um acampamento junto com uma mulher e outra criança de 4 anos. Segundo a denúncia, a mulher e essa criança caíram no rio Uraricoera, mas apenas a indígena adulta sobreviveu.

Comunidade ianomâmi de Aracaçá, em Roraima, onde as três indígenas foram raptadas por garimpeiros
Comunidade ianomâmi de Aracaçá, em Roraima, onde as três indígenas foram raptadas por garimpeiros
Foto: Hutukara Associação Yanomami/Divulgação / Estadão

Uma equipe integrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), com apoio do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB), viajou até a região no último dia 27 para averiguar as denúncias, mas não encontrou indícios da prática dos crimes, segundo nota conjunta divulgada após as diligências. Nesta terça-feira, 3, cinco dias após o retorno da equipe, a Funai afirmou que os órgãos ainda estão em diligência em busca de maiores esclarecimentos.

Júnior Hekurari, que acompanhou a equipe de investigação, disse que a aldeia foi totalmente esvaziada e tinha marcas de incêndio. Nesta terça-feira, 3, ele voltou a afirmar que os indígenas fugiram depois de terem queimado o corpo das vítimas - a menina de 12 anos e a criança - e a moradia da família, conforme a tradição ianomâmi. Os integrantes da aldeia estariam vagando pela floresta em busca de um novo local para reconstruir suas casas.

Conforme o líder, as famílias indígenas foram coagidas e ameaçadas para ficar em silêncio. Outras testemunhas teriam recebido ouro para não denunciar a violência. Ele afirma que os garimpeiros permanecem na região, mesmo depois que a Polícia Federal queimou um entreposto comercial e um posto de gasolina clandestino mantidos pelo garimpo. Júnior reclama da demora das autoridades para retirar os 20 mil garimpeiros ilegais que estariam na terra indígena.

A Associação dos Garimpeiros Independentes de Roraima (Agirr) e o Movimento Garimpo é Legal disseram que os órgãos oficiais já desmentiram as acusações apresentadas pelo presidente do Condisi YY sobre a morte da menina, após terem ido até o local e não terem encontrado qualquer indício de crime. As duas entidades informaram que estão adotando medidas legais para responsabilizar o autor das "falsas denúncias".

O Ministério Público Federal (MPF) de Roraima informou que "a investigação segue em curso" e que, assim que houver uma conclusão, ela será divulgada. Procurada pela reportagem, a Polícia Federal ainda não deu retorno.

'CADÊ OS YANOMAMIS'

Nesta terça-feira, 3, a questão ianomâmi e o suposto sumiço dos indígenas da aldeia Aracaçá foram alguns dos assuntos mais comentados nas redes sociais. As postagens com a hastag #CadeOsYanomami cobravam respostas ao que de fato aconteceu, na semana passada, na Terra Indígena Yanomami. Os internautas repercutiram a denúncia do líder indígena dando conta da morte e estupro de uma menina ianomâmi de 12 anos e do desaparecimento de outra criança que teria sido jogada em um rio. O tópico esteve entre os dez assuntos mais comentados no Twitter brasileiro durante a manhã.

Estadão
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