PCC proíbe maconha sintética na Cracolândia para evitar conflitos envolvendo usuários, diz Polícia
Droga estaria causando sequelas graves e aumentando a agressividade de dependentes químicos
Investigação da Polícia Civil de São Paulo apontou que o Primeiro Comando da Capital (PCC) proibiu a venda da K-9, um tipo de maconha sintética, no fluxo da Cracolândia. A medida, que passou a valer a partir desta quarta-feira, 1, teria o objetivo de evitar conflitos envolvendo dependentes químicos na região e sequelas mais graves nos usuários.
Em paralelo, a polícia prendeu 11 suspeitos em operação realizada nesta quinta-feira, 2, contra o tráfico de drogas na Cracolândia - entre eles, havia uma grávida, que teria entrado em trabalho de parto na delegacia. A ação foi resultado de uma investigação de meses do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
"Em uma das conversas monitoradas, houve uma ordem do PCC proibindo a venda daquela maconha sintética, o K-9?, diz o diretor do Denarc, Ronaldo Sayeg. Segundo ele, a medida foi tomada pela organização criminosa, que comanda o tráfico na região, porque a droga estava causando sequelas graves nos usuários e aumentando a agressividade de dependentes químicos.
"O PCC deu até prazo: até ontem (1º) poderia se vender essa droga (K-9)", disse o delegado. A medida, afirmou, diz respeito somente ao tráfico no fluxo da Cracolândia, mas não há informação de restrição em outras regiões. "O K-9 estava chamando mais atenção (na Cracolândia) do que normalmente o tráfico de crack chama."
Como mostrou o Estadão em setembro, maconhas sintéticas aumentaram a presença não só em presídios, mas nas ruas de São Paulo. Classificadas como canabinoides sintéticos, uma vez que são criadas em laboratório, as drogas desse tipo podem ter efeito até cem vezes mais potente que a versão "tradicional" da cannabis.
Grávida estava entre presos e entrou em trabalho de parto na delegacia
Operação realizada pela polícia nesta quinta-feira resultou na prisão de 11 suspeitos de integrar o tráfico na Cracolância. "Essas pessoas foram presas em locais no centro da cidade. Não na região central, mas em locais nas imediações", disse o delegado. Os depósitos, afirmou, têm função de possibilitar o transporte rápido, de carro ou a pé, da droga para o fluxo.
Entre os suspeitos, havia um menor de idade, cinco mulheres e, entre elas, uma grávida, que teria entrado em trabalho de parto após a prisão. "Ela foi encaminhada a um hospital após entrar em trabalho de parto na delegacia", disse Sayeg. Ele afirmou que a função da gestante, assim como de outras mulheres detidas, seria levar a droga até a Cracolândia sem levantar suspeitas.
Das 11 prisões, nove foram por mandados de prisão, incluindo a da grávida. Segundo o delegado, a polícia vai pedir a revogação da prisão temporária da gestante "por questões humanitárias", mas a do resto do grupo está mantida. As outras duas prisões realizadas nesta quinta foram em flagrante.
A polícia apreendeu ainda 4 kg de crack, 8 kg de maconha e R$ 15 mil em dinheiro em espécie. Além de 2 carros, celulares e documentos que podem ajudar na investigação.
"É a primeira etapa, e as demais vão ser deflagradas a partir do que produzimos hoje", diz Sayeg, que prefere não dar um nome específico para a operação. Trata-se da primeira ação realizada pelo Denarc na Cracolândia desde o fim da Caronte, operação liderada pela Delegacia Seccional Centro até o último ano.