Peça-chave do escândalo do cartel de SP é secretário municipal em MG
O secretário geral da prefeitura de Itajubá - cidade com cerca de 100 mil habitantes no sul de Minas Gerais - pode ser a peça chave de um dos maiores escândalos de corrupção no País, cujo epicentro está em São Paulo e teve início no ninho tucano, envolvendo algumas das cabeças mais coroadas do PSDB. Adilson Primo, ex-presidente da Siemens, funcionário da empresa alemã por 34 anos - onde começou como trainee na sede na Alemanha -, foi demitido do cargo em 2011, acusado de desviar cerca de R$ 21 milhões dos cofres da companhia.
A demissão de Primo, que na época surpreendeu o meio empresarial, agora causa espanto a todos os brasileiros pelo fato de ele ter ocupado o cargo de presidente da empresa quando o cartel dos trens urbanos em São Paulo, com a participação da Siemens, estava em plena atividade. A multinacional, após uma investigação interna, descobriu uma falta grave envolvendo contravenção das diretrizes da Siemens e Primo estava diretamente envolvido no caso.
Os supostos desvios feitos por Primo, que foram parar numa conta pessoal do executivo na Europa, teriam ocorrido entre 2005 e 2006. O cartel, segundo os documentos, operou entre 2000 e 2007, período dos governos de Mario Covas (1995-2001), Geraldo Alckmin (2001-2006) e José Serra (2007-2010).
A demissão de Primo foi consequência de um rígido programa de ações preventivas contra corrupção implementado pela Siemens após a descoberta de escândalos de pagamento de suborno a consultores em várias partes do mundo. No ano fiscal de 2010, a Siemens alcançou faturamento de 1,8 bilhão de euros e pedidos no total de 2,1 bilhões de euros. Adilson Primo está processando a empresa na Justiça.
Suspeita de cartel
O escândalo em torno das obras do Metrô começou quando a multinacional Siemens denunciou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a existência de um cartel para compra de equipamento ferroviário, além de construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.
Após fazer a denúncia, a Siemens assinou um acordo de leniência que pode lhe dar imunidade caso haja punição aos envolvidos. De acordo com o Cade, o cartel foi formado para a construção da linha 5 do metrô no ano de 2000, quando o governador do Estado era Mário Covas, morto em 2001. A prática continuou no governo de Geraldo Alckmin, de 2001 a 2006, e no primeiro ano da administração de José Serra.