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Petrópolis: cemitério será expandido para enterrar vítimas

Sepultamentos começaram a ocorrer nesta quinta-feira, enquanto o poder municipal trabalhava para ampliar o número de covas no cemitério

17 fev 2022 - 18h09
(atualizado às 18h36)
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O silêncio do luto no Cemitério Municipal de Petrópolis foi quebrado na tarde desta quinta-feira, 17, pelo som das roçadeiras. Enquanto familiares enterravam vítimas das fortes chuvas em covas rasas abertas pela prefeitura numa área íngreme ao fundo no cemitério, alguns metros acima funcionários tratavam de derrubarar a mata para garantir mais espaço para sepultamentos.

Pelo menos 25 covas foram abertas nesta quinta. Questionado sobre quantas outras ainda seriam necessárias, um funcionário foi taxativo: "Quantas forem precisas". Por lá, 17 sepultamentos de vítimas das chuvas estavam previstos para acontecer somente nesta quinta. Mais de cem pessoas morreram em decorrência do temporal que atingiu a cidade na terça-feira, 15.

Petrópolis teve o maior volume de chuvas em 24h desde 1932
Petrópolis teve o maior volume de chuvas em 24h desde 1932
Foto: Wilton Junior / Estadão

Um dos que causaram maior comoção foi o de Débora Listenberg Moreira, de 22 anos. Ela foi enterrada junto com os filhos, Gustavo, de cinco anos, e Heloíse, de apenas dois. "Quando deu o primeiro raio, uma pedra deslizou, bateu na parede da casa e já levou eles", narrou Mariana Azevedo, cunhada de Débora. "Ela era uma pessoa muito tranquila e dedicada às crianças. Era muito nova, mas corria muito atrás das coisas e passou por muita coisa difícil. Ela perdeu a mãe há três anos. A dedicação que tinha pelos filhos que faz essa comoção toda."

Uma hora antes, quem havia sido sepultada nas covas emergenciais abertas pela prefeitura era Zilmar Batista Ramos, de 54. Funcionária de um posto de saúde do município, ela morreu após o ônibus onde estava ser arrastado pela correnteza.

"Ela estava no ônibus indo buscar minha irmã na escola. No desespero pelas chuvas, ela tentou buscar minha irmã", narrou Vitoria Ramos Alves, de 24, filha de Zilmar. "Uma vizinha nossa estava junto no ônibus e contou que não deu tempo de ela sair."

Vitória contou que a mãe era "como uma força da natureza, impetuosa". "Ninguém parava ela, não. Quando colocava algo na cabeça, ela ia e fazia. Abraçava e defendia todos, tanto é que quis ir buscar minha irmã", acrescentou.

Com a identificação das vítimas sendo acelerada a partir da chegada de peritos da Polícia Civil, os sepultamenos em série no Cemitério Municipal de Petrópolis devem se intensificar nos próximos dias.

Estadão
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