Piloto que morreu após queda de avião atuou como advogado no caso Marília Mendonça
Sérgio Roberto Alonso representou a família de Geraldo Martins de Medeiros, piloto da aeronave que levava a cantora Marília Mendonça
Piloto Sérgio Roberto Alonso, de 74 anos, morreu após a queda de planador em Lençóis Paulista, SP. Advogado com especialização em direito aeronáutico, foi responsável por atuar no caso de queda de avião da cantora Marília Mendonça em 2021, e destacou a falta de sinalização como causa do acidente.
O homem que morreu após a queda de um avião de pequeno porte neste sábado, 6, em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, era o piloto Sérgio Roberto Alonso, de 74 anos, segundo confirmado pelo escritório de advocacia em que ele trabalhava. Como advogado, a vítima atuou no caso Marília Mendonça, em 2021.
Sérgio representou a família de Geraldo Martins de Medeiros, piloto da aeronave que levava a cantora Marília Mendonça e caiu em novembro de 2021 em Minas Gerais. Tanto Medeiros quanto todos os outros ocupantes do avião, incluindo o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, e o copiloto Tarcísio Pessoa Viana, perderam a vida no acidente.
Em entrevista ao Terra em outubro de 2023, Sérgio, que tinha especialização em direito aeronáutico e internacional, afirmou considerar as conclusões das investigações da Polícia Civil de Minas Gerais sobre o ocorrido como "injuriosas".
A PCMG concluiu o inquérito do acidente e, em coletiva de imprensa transmitida naquele mês, afirmou que a queda do avião de pequeno porte foi causada por erro dos pilotos Geraldo e Tarcísio. No entanto, conforme apontou o advogado Sérgio Alonso, essas conclusões não têm base nas provas técnicas.
Ele destacou que, segundo as provas, o acidente foi resultado da falta de sinalização da rede elétrica, ausência de uma carta de aproximação visual e a colocação da rede na mesma altura do tráfego padrão, de mil pés de altitude. Alonso enfatizou que a atribuição de culpa aos pilotos contradiz o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O advogado apontou ações posteriores ao acidente, como a sinalização da linha pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a elevação da altitude de tráfego de Caratinga pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), como recomendações do Cenipa que, se implementadas antes do acidente, poderiam tê-lo evitado.
Ainda segundo o advogado, a família do comandante Medeiros ficou profundamente abalada com as conclusões da investigação. Alonso destacou a reputação e experiência de Medeiros, ressaltando que a conclusão precipitada da polícia causou um novo luto para a família.
Quem era Sérgio Alonso
O escritório Riedel de Figueiredo e Advogados Associados postou uma nota de pesar pela morte do advogado e piloto. De acordo com a empresa, natural de Santos (SP), o piloto de planador e especialista em Direito Aeronáutico atuou nos maiores acidentes aéreos do país, ganhando a imprensa nacional e registrando seu nome na advocacia brasileira, tornando-se grande referência no Brasil e também no mundo, na área de direito aeronáutico. Ele partiu deixando esposa e dois filhos.
Sergio Roberto Alonso costumava brincar ao se definir como um "agitador, desde a época da escola". Isso porque nunca deixou de defender suas opiniões e, no meio jurídico, teses inovadoras, resultando em jurisprudências para a aviação.
"Foi um profissional extremamente atuante, astuto e criativo, que muito contribuiu para nosso escritório ao longo de mais de 50 anos. Aventureiro nas horas vagas, seja voando em seu planador ou anos atrás quando praticava hipismo, ele deixará saudades e muitos ensinamentos pessoais e profissionais aos que tiveram a honra de conhecê-lo. Solidarizamo-nos com os familiares e amigos neste momento de dor e consternação, e desejamos força a todos nesse momento de luto", publicou o escritório.
O funeral de Sérgio Alonso ocorre no Memorial de Botucatu. O velamento será das 18h às 22h e depois disso ele será cremado.
Queda que vitimou advogado
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o acidente em que Sérgio morreu aconteceu por volta de 14h11 às margens da Rodovia Marechal Rondon. Quando o planador foi encontrado, o piloto estava morto.
Segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) investiga as causas do acidente. Foi identificado que a aeronave era proveniente do Aeroclube de Bauru.