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PM reprime grupo de 500 pessoas no centro de BH; 22 são presos

A Polícia Militar diz que foi obrigada a usar a força contra grupo de aproximadamente 500 pessoas; Polícia Civil afirma que já está trabalhando para identificar saqueadores e depredadores

22 jun 2013 - 20h50
(atualizado às 22h31)
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<p>Homem que participava da manifestação fica ferido durante o confronto com PMs em Belo Horizonte</p>
Homem que participava da manifestação fica ferido durante o confronto com PMs em Belo Horizonte
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Após prender pelo menos 22 pessoas neste sábado depois dos confrontos que se seguiram a um protesto nas proximidades do Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais diz que está sendo obrigada utilizar a força para reprimir um grupo de aproximadamente 500 pessoas que estão praticando atos de vandalismo no centro da cidade. A PM informou que vai ocupar a região centro da capital mineira e só deixará o local quando tudo estiver normalizado. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas na manifestação - seis manifestantes, cinco policiais, três fotógrafos e uma repórter.

Protestos tomam as ruas do País; veja fotos

"A Polícia Militar não vai permitir que um bando de vândalos se aproveite do ambiente criado por momentos de grandes aglomerações populares para cometer ações criminosas que são repudiadas por todos os cidadãos de bem, como depredações de patrimônios públicos e privados, saques, arremessos de pedras e bombas caseiras", afirma nota da corporação divulgada na noite deste sábado. A PM também afirma que as pessoas que estão praticando esses crimes não fazem parte das manifestações que ocorreram ao longo do dia na capital.

A Polícia Civil divulgou uma nota afirmando que "vem realizando um intenso trabalho de investigação com foco nas ações dos vândalos, com o objetivo de identificá-los". Afirmou também que investiga os responsáveis pelos ferimentos às vítimas. "Este trabalho está sendo feito simultaneamente com as ações da Polícia Militar", diz o comunicado, assinado pelo chefe da corporação, Cylton Brandão.

A nota se refere aos suspeitos como "alguns criminosos infiltrados no movimento", e pede a ajuda dos manifestantes para identificar os responsáveis pelos delitos. "É muito importante que os manifestantes tenham ciência dessa situação e que colaborem com a Polícia Civil na identificação dos infratores que tentam desvirtuar os objetivos das manifestações."

Mais cedo, a PM do Estado havia divulgado um comunicado afirmando que trabalhou para que o protesto ocorresse "de forma ordeira e pacífica", mas que, "infelizmente, um expressivo grupo de vândalos se infiltrou no meio dos manifestantes, na altura da Avenida Abraão Caram, e agrediu de forma violenta as linhas de contenção da Polícia Militar". Segundo a corporação, "a reação só ocorreu depois que os manifestantes mais exaltados partiram para cima dos policiais, tornando a situação insustentável, colocando em risco a integridade física de todos".

"A Polícia Militar de Minas Gerais está cumprindo o seu dever de assegurar a preservação da ordem pública e a proteção das pessoas e do patrimônio público e privado, além de garantir o direito de manifestação dos cidadãos", diz a nota, assinada pelo comandante geral da PM do Estado, Márcio Sant'Ana.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

Dilma apoia manifestações, mas condena atos de vandalismo:

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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