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PM retira 30 após invasão e protesto na Câmara de Vereadores do RJ

Manifestantes tinham invadido prédio da Assembleia Legislativa antes de ocupar a Câmara da cidade

9 ago 2013 - 10h49
(atualizado às 13h00)
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Nesta manhã, eles tentavam participar de uma reunião de vereadores sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus
Nesta manhã, eles tentavam participar de uma reunião de vereadores sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

A ocupação da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro terminou por volta das 4h desta sexta-feira, segundo a assessoria da Casa. Cerca de 30 manifestantes foram retirados pela Polícia Militar. Nesta manhã, eles tentavam participar de uma reunião de vereadores sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus, mas não ingressaram no local do encontro. Alguns parlamentares deixaram o prédio, temendo violência.

Os manifestantes foram à Câmara depois de serem retirados da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Três vereadores - Renato Cinco (Psol), Brizolla Neto (PDT) e Reimont (PT) - negociaram com eles. O grupo pediu a retirada dos parlamentares Professor Uóston (PMDB), Chiquinho Brazão (PMDB), Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC) da CPI dos Ônibus.

A exigência ocorreu porque os quatro não assinaram requerimento de abertura da comissão e fazem parte da base governista. Dos cinco responsáveis pela CPI, apenas Eliomar Coelho (Psol) propôs a investigação e faz parte da oposição. Em meio à ocupação, manifestantes arremessaram um morteiro em direção aos policiais e a situação ficou tensa na porta lateral da Câmara. A PM revidou com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. 

O psicólogo Daniel Fabrício da Silva, 32 anos, foi atingido na perna direita por estilhaços de uma bomba. "Quando ouvi o estrondo, senti a dor na hora, e agora mal consigo andar", disse, ao ser atendido por médicos voluntários.  

Segurança se excedeu, dizem deputados

Os manifestantes retirados da Alerj foram vítimas de excesso de força de seguranças da Casa, afirmaram os deputados estaduais Marcelo Freixo (Psol) e Wagner Montes (PSD). 

Segundo Montes, a sessão plenária já havia sido encerrada quando os seguranças agiram contra os manifestantes. "Eram cerca de 30 pessoas, saí abraçado com eles para que não houvesse violência, mas eles agiram com gás de pimenta, que felizmente nåo me atingiu, mas quebraram o meu óculos", afirmou o parlamentar, mostrando a armação sem lentes.

Com os olhos irritados por conta do gás de pimenta, Freixo afirmou que, ao final da sessão de hoje, por volta das 17h30, os manifestantes passaram a protestar no plenário da Casa. Segundo o deputado do Psol, a retirada do grupo do local foi uma ordem do presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB).

"Nós subimos para conversar com os manifestantes, mas veio essa ordem (de retirada) da presidência, para que eles fossem retirados à força. Era um ato político normal. A segurança da casa seguiu ordens, mas poderia haver o diálogo. O uso da força não era necessário", afirmou o parlamentar, que relatou que ao menos duas manifestantes ficaram feridas. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Colaborou com esta notícia o internauta José Carlos Pereira de Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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