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Polícia encontra carro envolvido no atropelamento de Marina Harkot

O carro havia sido abandonado no centro de São Paulo; autor do crime, que fugiu sem prestar socorro, foi identificado e segue foragido

10 nov 2020 - 11h17
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SÃO PAULO - Investigadores do 14.º Distrito Policial (Pinheiros) localizaram nesta terça-feira, 10, o Hyundai Tucson envolvido na atropelamento da socióloga Marina Kohler Harkot, de 28 anos, morta no último fim de semana. O carro havia sido abandonado no centro da capital paulista. Identificado pela Polícia Civil, o autor do crime fugiu sem prestar socorro e ainda não foi localizado.

Cicloativista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Marina foi atingida enquanto trafegava de bicicleta pela Avenida Paulo VI, em Pinheiros, na zona oeste, às 0h17 de domingo, 8. A jovem morreu no local.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o veículo usado pelo autor do atropelamento já passou por perícia. Os investigadores também analisam imagens de câmeras de segurança. "O autor do atropelamento foi identificado e diligências prosseguem para localizá-lo", diz a pasta, em nota.

Ainda no dia do crime, os policiais conseguiram entrar em contato com a pessoa que consta como proprietária do carro, mas ela alegou que vendeu o automóvel em 2017. A identificação do carro foi possível graças a uma policial militar de folga que passava pelo local e presenciou o atropelamento. O PM anotou a placa e solicitou socorro.

A Avenida do atropelamento tem quatro faixas e a Marina estaria pedalando na última, perto do parapeito, de acordo com a investigação. Na via, a velocidade máxima permitida é de 50 km/h.

Descrita como uma pesquisadora brilhante e sorridente, Marina concluiu a graduação e o mestrado na USP, onde também era pesquisadora colaboradora, pelo LabCidade, e cursava o doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP). Na academia, se tornou referência por reunir dados sobre gênero e mobilidade por bicicleta.

Entidades prestam homenagem e cobram Justiça

No funeral, na noite de domingo, a mãe da jovem, Maria Claudia Kohler, falou a ativistas que faziam homenagem à vítima. "Ela estava construindo uma casa, com um marido, um amor, uma vida futura, estudando, fazendo doutorado, viajada. Daí acontece essas coisas que a gente fica demolida."

Diversas instituições também lamentaram a morte da jovem. Em nota, a FAUUSP destacou ter "certeza de que ela sempre será um exemplo para toda nossa comunidade uspiana e que suas lutas permanecem compartilhadas por todos nós, mantendo viva sua presença".

Já o LabCidade disse que se trata de uma "perda inestimável" e que "não pode ser vão". "Marina foi morta enquanto lutava. Pois sua luta não se separava da sua vida, do seu corpo em movimento de bicicleta pela cidade. E perdemos, junto com a ativista, uma companheira de vida, da vida que ela nos ajudava a enfrentar com novos olhos."

O Instituto Clima e Sociedade escreveu que a "melhor forma de homenageá-la é reafirmar o compromisso com a luta por uma cidade que respeite seus ciclistas e pedestres, causa defendida com tanto amor por ela".

A União de Ciclistas do Brasil destacou que o ativismo da jovem "nos ofereceu uma presença e legados incríveis". "Sua contribuição é histórica e importante, sua triste partida não será em vão ou esquecida", diz. Já o Observatório do Clima manifestou um "desejo profundo de que sua morte não fique impune".

Estadão
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