Polícia exuma corpo de jovem que teria sido envenenada por madrasta
Suspeita está presa e nega ter cometido crime; investigação começou depois que outro enteado foi internado com os mesmos sintomas que levaram sua irmã à morte
RIO - A Polícia Civil do Rio exumou na tarde desta quinta-feira, 26, o corpo da estudante Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, que morreu em março e pode ter sido envenenada pela madrasta, Cintia Mariano Dias Cabral, de 49 anos. Cintia está presa desde a última sexta-feira, 20. Ela é acusada de envenenar o outro enteado - o também estudante Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, irmão de Fernanda. O adolescente, porém, foi socorrido e sobreviveu.
No dia 15, Bruno almoçou na casa que seu pai dividia com Cintia e passou mal após a refeição. Ele relatou ter visto viu resquícios de um produto azul no feijão. Foi internado no Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo (zona oeste do Rio), e conseguiu se recuperar da intoxicação. Teve alta no dia 19.
A partir desse episódio, a morte de Fernanda, com sintomas semelhantes aos do irmão, passou a ser investigada. Até então, não havia suspeita de que ela pudesse ter sido vítima de um crime.
A morte de Fernanda e o envenenamento de Bruno estão sendo investigados pelo delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo). Foi ele que pediu ao Instituto Médico Legal (IML) a exumação. Fernanda estava enterrada no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap (zona oeste do Rio).
A perícia deve demorar cerca de 20 dias. Uma hipótese é tentar identificar nos ossos, unhas e cabelos a substância causadora da morte. Outra, mais concreta, é analisar a fauna cadavérica.
"Esperamos encontrar elementos que comprovem a substância química que foi usada no suposto envenenamento. A fauna cadavérica nos mostra os insetos que estão se alimentando do cadáver em decomposição, dando uma análise mais precisa", afirmou o delegado.
Os pais de Fernanda, Adeílson Cabral e Jane Carvalho, acompanharam a exumação, mas não quiseram dar entrevistas.
Mais exames
O delegado aguarda outro exame, do suco gástrico de Bruno e que deverá ficar pronto nos próximos dias. O laudo vai dizer se ele ingeriu ou não o veneno conhecido como chumbinho, como suspeita a polícia. Em depoimento à Polícia Civil, um filho de Cintia afirmou que a mãe lhe confessou ter envenenado os enteados.
"O declarante teve uma conversa com a mãe, onde a mesma confessou tudo que havia feito. Que Cíntia disse que colocou chumbinho no feijão do prato de Bruno e, por esse motivo, ele sentiu gostou ruim", afirma o depoimento do rapaz, divulgado pelo site G1 e confirmado pelo Estadão. "Que o declarante perguntou se ela havia feito a mesma coisa com Fernanda, irmã de Bruno, e que Cintia disse antes que fez isso tudo por amor a Adeílson, pai dos jovens. Que Cíntia não disse onde adquiriu o veneno, nem se teve ajuda de alguém, e que teme pela vida de sua mãe", segue o documento.
A defesa de Cintia nega que ela tenha confessado o crime. À Polícia Civil, Cintia afirmou que o produto azul presente no feijão é tempero industrializado. A comida recolhida pela Polícia na casa dela não continha veneno, segundo exames. A Polícia Civil investiga ainda se Cintia envenenou também um ex-marido e uma vizinha, que também morreram em circunstâncias suspeitas.