Script = https://s1.trrsf.com/update-1731943257/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Polícia indicia seis pela morte de João Alberto no Carrefour

Acusados responderão por homicídio triplamente qualificado

11 dez 2020 - 10h56
(atualizado às 12h17)
Compartilhar
Exibir comentários

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nesta sexta-feira, 11, seis pessoas pelo espancamento e a morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, em um Carrefour de Porto Alegre. O caso ocorreu na noite da véspera do Dia da Consciência Negra, gerando uma série de protestos contra o racismo por cidades brasileiras.

João Alberto Silveira Freitas foi morto em uma loja do Carrefour no bairro Passo D'Areia, em Porto Alegre
João Alberto Silveira Freitas foi morto em uma loja do Carrefour no bairro Passo D'Areia, em Porto Alegre
Foto: Divulgação /Torcida Os Farrapos / Estadão Conteúdo

Os indiciados responderão por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia (apontada por necropsia feita por legistas do Departamento Médico Legal) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Segundo a investigação, o crime foi motivado pelo racismo estrutural, embora o agravante de injúria racial não tenha sido incluído no inquérito.

Entre os indiciados estão o ex-policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva e o vigilante Magno Braz Borges, que trabalhavam no supermercado e agrediram a vítima, e a agente de fiscalização Adriana Alves Dutra, que aparece nos vídeos do espancamento tentando impedir que o ato fosse gravado. Os três estão presos. Nesta semana, a Justiça negou pedido de liberdade provisória de Silva.

Os demais são o também vigilante Paulo Francisco da Silva, do Grupo Vector, e os funcionários do local Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende, em grau menor de participação no crime. A delegada Roberta Bertoldo, responsável pela investigação, também pediu a prisão desses acusados.

'Atitude desumana e degradante'

Roberta Bertoldo disse que não houve crime de injúria racial, porém a atitude dos agressores ocorreu em decorrência do racismo estrutural vivido no País, somado ao fato de a vítima ter uma condição socioeconômica inferior, uma vez que "nenhuma testemunha foi capaz de detalhar o que motivou aquela reação violenta".

"Essas situações discriminatórias são decisivas no tratamento de inúmeras pessoas. Se aquela pessoa fosse outra, provavelmente, a situação seria outra. Muito embora não tenha havido provas para afirmar que alguma ofensa relacionada à cor de João Alberto foi pronunciada naquele momento, nós podemos considerar, sem dúvida nenhuma, que está arraigado neste meio social, tratado desde a data do fato, que é o racismo estrutural", afirmou.

Para a chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, ficou claro e comprovado o excesso dos seguranças no crime. "A conclusão do inquérito trouxe uma resposta rápida dentro da lei e uma sensação de justiça. A polícia embasou em 69 páginas esse relatório, com detalhes importantes sobre o caso. Foi público e notório que ocorreu uma atitude desumana e degradante, que feriu os direitos humanos", disse Nadine ao Estadão.

Agressões filmadas

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte das agressões e o momento em que João Alberto foi atendido por socorristas, quando estava desacordado. Em uma das gravações, o homem é derrubado e atingido por ao menos 12 socos. Ao fundo, uma pessoa grita "vamos chamar a Brigada (Militar)".

Cerca de 40 pessoas foram ouvidas durante a investigação, de acordo com informações divulgadas em coletiva de imprensa. Segundo testemunhas, um dos agressores colocou o joelho sobre o corpo da vítima, imobilizando-a e dificultando que respirasse.

O Estadão aguarda posicionamento de representantes dos acusados e empresas. Consultado, o advogado Jairo Luis Cutinski, responsável pela defesa de Magno Braz Borges, poderá se manifestar somente quando concluir os estudos sobre o relatório final da investigação. Já Pedro Catão, advogado de Adriana Alves Dutra, e David Leal, defensor de Giovane Gaspar da Silva, ainda esperam ter acesso à íntegra do inquérito policial. Os três novos indiciados ainda não têm advogados constituídos.

Nota da Vector

O Grupo VECTOR manifesta seu repúdio a qualquer ato de violência e lamenta o fato ocorrido na noite de 19/11/2020. A Vector reforça que não compactua com ações de violência, independente do tipo, caráter e objeto alvo da violência. Os colaboradores envolvidos com os acontecimentos foram desligados do quadro de funcionários da Vector.

A Vector possui seus valores fundados na Cordialidade e Empatia para desempenho de suas ações, respeitando a vida. No presente momento, a prioridade da Vector é contribuir integralmente com as investigações e ações da Justiça. Garantir que qualquer fato semelhante jamais aconteça novamente é o principal compromisso da Vector, através da transformação ao qual a empresa se encontra, mantido pelo diálogo transparente estabelecido com a sociedade.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade