Script = https://s1.trrsf.com/update-1736170509/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

PM é flagrado jogando homem do alto de uma ponte em SP; 'estarrecedor e inadmissível', diz MP

Segundo a Ouvidoria da Polícia, caso ocorreu na madrugada de segunda, 2, na zona zul da capital. Polícia Militar diz apurar os fatos e que policiais foram afastados. Procurador-geral de Justiça cobra punição dos envolvidos

3 dez 2024 - 06h40
(atualizado às 17h37)
Compartilhar
Exibir comentários

Um vídeo divulgado nas redes sociais flagrou um policial militar jogando um homem do alto de uma ponte da cidade de São Paulo. Segundo a Ouvidoria da Polícia, o caso ocorreu na madrugada de segunda-feira, 2, na Zona Sul da capital. Outros três policiais participam do ato. Em postagem no Instagram, o secretário da Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite, prometeu "severa punição" aos envolvidos (leia mais abaixo).

Pelas imagens, é possível ver três agentes da Polícia Militar sobre a ponte. Um deles levanta uma moto do chão e a encosta na mureta. Outro policial aparece segurando pelas costas um homem usando uma camiseta azul.

O vídeo registra o momento em que o policial levanta o homem pelas pernas e o joga do alto da ponte sobre um córrego. Na sequência, o corpo de um homem aparece boiando nas águas do córrego. O Estadão apurou que os agentes atuam no 24º Batalhão da Polícia Militar de Diadema, na Grande São Paulo. Eles teriam perseguido o homem de moto até a Cidade Ademar. O policial que jogou o homem seria das Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam).

Procuradoria-Geral pede punição exemplar

O procurador-geral de Justiça do Estado, Paulo Sergio de Oliveira e Costa, considerou as imagens "estarrecedoras e inadmissíveis".

A Procuradoria-Geral determinou, nesta terça-feira, 3, que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (Gaesp) associe-se ao promotor natural do caso para que o Ministério Público de São Paulo "envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população".

Questionada, a Polícia Militar disse, por meio de nota, que repudia "veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado." No texto, a PM ainda afirma que instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais, que foram identificados e afastados.

O afastamento foi confirmado pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, em postagem nas redes sociais. "Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa produção", disse na postagem.

Mortes por intervenção policial: aluno de Medicina e criança de 4 anos

A polícia de São Paulo matou neste ano 496 pessoas entre janeiro e setembro, o maior número para o período desde 2020, quando houve 575 óbitos desse tipo. Desde o ano passado, a alta da letalidade pelas forças de segurança foi impulsionada por operações policiais na Baixada Santista e, em novembro, chamaram a atenção os casos de Ryan Andrade, de 4 anos, e do estudante de Medicina Marco Aurélio Acosta, de 22, baleado na Vila Mariana, zona sul da capital, no feriado.

Padre Julio Lancellotti e entidades de direitos humanos faz homenagem a Ryan da Silva Andrade Santos, na missa deste domingo, em São Paulo. O garoto de 4 anos foi morto durante uma ação da PM em Santos. Familiares estão na missa. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Padre Julio Lancellotti e entidades de direitos humanos faz homenagem a Ryan da Silva Andrade Santos, na missa deste domingo, em São Paulo. O garoto de 4 anos foi morto durante uma ação da PM em Santos. Familiares estão na missa. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O crescimento interrompeu a curva de redução de mortes pela PM que havia sido registrada a partir de 2021, com a implementação das câmeras corporais nas fardas dos agentes. Em 2022, o número de óbitos do tipo foi o menor da série histórica, iniciada em 2001.

Especialistas na área de segurança destacam que os casos reforçam a necessidade de preparar melhor as polícias - sobretudo para ocorrências cotidianas, como brigas -, reforçar mecanismos de controle sobre as tropas e investir em armas não letais sobre ocorrências em que isso é possível. A letalidade policial maior, acrescentam, não necessariamente leva ao combate mais eficaz ao crime organizado.

Esse cenário pode resultar até em confrontos ainda mais violentos, com perigo para moradores de áreas dominadas pelo narcotráfico, como o garoto Ryan. Também eleva o risco para os próprios PMs, que encontram bandidos mais dispostos a atirar durante ações policiais nas comunidades.

Veja a íntegra da nota do Ministério Público

"Estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis! Não há outra forma de classificar as imagens do momento no qual um policial militar atira um homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira. Pelo registro divulgado pela imprensa, fica evidente que o suspeito já estava dominado pelos agentes de segurança, que tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada.

Somente dentro dos limites da lei se faz segurança pública, nunca fora deles. Assim, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinará, ainda nesta terça-feira (3/12), que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) associe-se ao promotor natural do caso para que o MPSP envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população.

Pelo contrário. Os episódios recorrentes de descumprimento dos comandos legais por parte de alguns agentes públicos nos deixam mais longe da tão almejada paz social, em favor da qual o Ministério Público, dentro de sua atribuição de exercer o controle externo da atividade policial, continuará atuando de maneira inequívoca, cobrando das autoridades a observância dos preceitos da Constituição Federal."

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade