Curitiba: com "chuva de dinheiro", servidores ocupam Câmara
Manifestação levou o presidente da Casa a interromper a sessão por duas horas
Um dia após os vereadores de Curitiba aprovarem, já em segunda votação, quatro projetos de lei do ajuste fiscal do prefeito Rafael Greca (PMN), servidores municipais voltaram a protestar nas dependências do Legislativo. Por volta das 9h30 desta quarta-feira (28), pouco mais de meia hora depois do início da sessão, manifestantes começaram a jogar notas de dinheiro falsas e a entoar palavras como "vendido", "covarde" e "safado", direcionadas aos parlamentares favoráveis ao “pacotaço”. A manifestação levou o presidente da Casa, Serginho do Posto (PSDB), a suspender os trabalhos temporariamente.
Conforme a assessoria de imprensa da Câmara, as galerias estavam restritas a 28 pessoas, seguindo recomendação do Corpo de Bombeiros. Ontem e anteontem, também por “questão de segurança”, as polêmicas votações do “Plano de Recuperação” ocorreram no teatro Ópera de Arame, a sete quilômetros do Palácio Rio Branco, e com forte esquema policial no entorno. Apenas algumas pessoas autorizadas puderam acompanhar os debates. Na segunda-feira (26), por diversos momentos, o clima do lado de fora ficou tenso e houve confronto entre manifestantes e policiais.
Diante da interrupção de hoje, funcionários públicos que estavam do lado de fora do prédio histórico também passaram pelo portão externo, que separa a escadaria do edifício, ingressaram na sede e ocuparam o plenário, onde permaneceram por duras horas. "Não tem arrego, você tira o meu direito a gente tira o seu sossego" e "eu acredito na luta", gritavam. Na sequência, eles deixaram o local e caminharam pelas ruas do entorno, carregando um caixão, que representa a morte de direitos.
Membros do Sindicato dos Servidores Magistério Municipal de Curitiba (Sismac) ainda armaram uma espécie de varal com fotos do confronto de anteontem, que segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp) deixou 24 feridos – sendo 14 manifestantes, atingidos por balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo e dez policiais. A todo momento, os sindicalistas xingavam os parlamentares favoráveis ao ajuste de "bandidos" e elogiavam os contrários com o grito "me representa".
A plenária foi retomada às 11h45. Na pauta, estavam os segundos turnos da nova meta fiscal, atualizando a dívida do município para R$ 2,1 bilhões, e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018. A primeira matéria altera o valor estimado pela gestão anterior da Prefeitura de Curitiba, que era de menos R$ 303,2 milhões, para R$ 2,194 bilhões negativos. A sessão, última antes do recesso parlamentar, foi encerrada às 13h05. A íntegra está disponível no Youtube.
As demais propostas do "pacotaço" fiscal já tinham seguido para sanção do prefeito. Elas abrangem: a reforma na previdência, com aumento da contribuição pelos servidores; a suspensão da data-base e dos planos de carreira; o leilão de dívidas da prefeitura e a criação de uma lei de responsabilidade fiscal do município. As medidas tramitavam em regime de urgência e, por essa razão, trancavam a pauta. O Executivo justifica que o ajuste é necessário para colocar as finanças da administração em dia.