Prefeito corta fios e desativa radares de velocidade no interior de SP; vídeo
Vídeo com ação do prefeito viralizou nas redes sociais. Ação é reflexo de nova diretriz na cidade
O prefeito de Marília, no interior de São Paulo, Vinicius Camarinha (PSDB), viralizou nas redes sociais após publicar um vídeo em que aparece cortando fios de energia de radares de velocidade do município usando um alicate. A ação aconteceu no início de janeiro, e reflete novas diretrizes da cidade.
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Todos os 18 radares que fiscalizavam o excesso de velocidade em Marília foram desativados. As câmeras instaladas nos dispositivos serão utilizadas pela Polícia Militar. Os equipamentos serão usados para identificar a passagem de veículos roubados, por exemplo, entre outras funções.
Ao divulgar a ação nas redes sociais, o prefeito falou em “combate à indústria da multa”. Ele também citou a falta de estudos técnicos, exigidos em lei, para instalação dos radares, feita em 2023 pelo prefeito Daniel Alonso (PL).
Irregularidades
As irregularidades foram reveladas pelo portal Marília Transparente (Matra), que precisou ir à Justiça para obter os dados públicos. Além da falta de estudos técnicos para instalar radares, em conformidade com o Conselho Nacional de Trânsito (Conatran), a publicação também afirma ter recebido estudos feitos após a instalação dos aparelhos.
O engenheiro responsável por assinar os estudos é o mesmo que referendou a instalação de radares em Avaré (SP). Uma CPI revelou suposta corrupção na escolha da empresa, a mesma que ganhou a licitação dos radares em Marília, ainda segundo o veículo local.
Segundo o Matra, o engenheiro admitiu à CPI que não visitou todos os pontos de instalação, e que, em alguns deles, fez a análise usando o Google Maps. Foi encaminhado um relatório ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público sugerindo o cancelamento do contrato. Em Marília, houve uma tentativa de criar uma comissão, mas não houve adesão suficiente.
Desde a volta dos radares, Marília viu o número de acidentes cair: foram 1.507 sinistros em 2022, último ano sem fiscalização eletrônica, 1.302 em 2023 e 1.116 em 2024, primeiro ano completo com os equipamentos, segundo o Detran-SP.
Por outro lado, as mortes no trânsito pouco mudaram. Em 2022, foram 25 óbitos; o número subiu para 32 em 2023 e caiu para 27 em 2024. Apesar da redução nos acidentes, o prefeito Camarinha minimiza o impacto dos radares, que registraram mais de 80 mil multas no ano passado.
A legislação permite que os municípios decidam sobre os radares, desde que sigam normas federais. Camarinha promete realocar os recursos para ações educativas. "Os radares não educaram, apenas penalizaram o trabalhador. Tenho certeza que o povo de Marília vai colaborar", declarou o prefeito.
O que diz a prefeitura
"A Prefeitura de Marília informa que os radares foram instalados pela gestão anterior (2021-2024) sem estudos técnicos e foram desativados pela atual administração quanto ao excesso de velocidade, mas continuam em operação para coibir outras infrações de trânsito como, por exemplo, avançar o sinal vermelho.
O objetivo da medida foi acabar com a chamada indústria da multa, já que apenas no ano de 2024 foram aplicadas 79 mil multas.
Após a desativação no que se refere à aplicação de multas por excesso de velocidade, a Prefeitura e a Emdurb (Empresa Municipal de Mobilidade Urbana de Marília) têm realizado ações educativas, conscientizando os motoristas dos perigos de trafegar em alta velocidade."