Em meio à greve que leva os moradores de Porto Alegre a enfrentar o terceiro dia sem ônibus circulando, o prefeito José Fortunati (PDT) encaminhou nesta sexta-feira ofício ao comando da Brigada Militar (a PM gaúcha), para que garanta a abertura das garagens dos ônibus, obstruídas por rodoviários em greve. Paralelamente a isso, Fortunati afirmou, em entrevista coletiva, que entrou com representação junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para que agende uma nova audiência de conciliação ainda hoje.
"Isto é fundamental, hoje está mais do que claro. Para que nós consigamos colocar ônibus nas ruas, nós precisamos da segurança pública. E quem faz a segurança é a Brigada Militar. Já entramos com a ação. Oficiei o comandante da Brigada Militar. Como não obtive resposta até poucos minutos atrás, estou entrando com representação junto ao TRT. Primeiro, para que solicite que a Brigada Militar cumpra com o seu papel e, segundo, para agendar uma nova audiência de conciliação ainda hoje", disse o prefeito de Porto Alegre.
Segundo a prefeitura, os ofícios foram encaminhados ao comandante-geral da Brigada Militar, coronel Fábio Duarte Fernandes, e ao comandante de policiamento da Capital, coronel João Diniz Godoi. “Mobilizamos profissionais para conduzirem os ônibus, mas constatamos que é impossível colocar os veículos nas ruas devido à falta de segurança. Então, precisamos do suporte da Brigada Militar para que o transporte coletivo opere sem riscos para motoristas, cobradores e passageiros. Só ontem tivemos mais de 20 ônibus depredados. Eu não posso colocar em risco a vida de profissionais e usuários”, afirmou o prefeito José Fortunati.
Fortunati afirmou ainda que não cederá às pressões das empresas responsáveis pelo transporte público de Porto Alegre para que aumente o valor das passagens antes de decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre o novo cálculo das tarifas. "É uma pressão para que a prefeitura assuma a seguinte responsabilidade: aumenta a passagem. Eu não vou aumentar enquanto eu não tiver todos os indicadores que me deem segurança", garantiu.
Após a entrevista coletiva, Fortunati foi questionado por jornalistas se cogitaria utilizar policiais militares como motoristas de ônibus. A medida seria possível, já que alguns PMs portam a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do tipo "D" e foram treinados para fazer esse serviço na Copa do Mundo. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, Fortunati respondeu que, caso a Brigada Militar colocasse esses PMs à disposição, aceitaria prontamente. O prefeito, entretanto, ressaltou que a prioridade é garantir a segurança dos coletivos.
Mais cedo, por meio de seu perfil no Twitter, Fortunati já havia criticado a atuação da Brigada Militar e cogitou apelar para a Força Nacional para garantir a circulação dos coletivos. Os grevistas descumpriram um acordo feito na quinta-feira e, em vez de garantir 50% da frota nas ruas, não permitiram que nenhum ônibus deixasse as garagens. A paralisação chega nesta sexta-feira ao seu quinto dia.
"Infelizmente nem mais decisões judiciais e acordos são cumpridos. E a greve geral do transporte coletivo continua. Estou oficiando ao Comando de Policiamento da Capital - BM para que garanta a abertura das garagens dos ônibus obstruídas por piquetes e a segurança dos veículos nos seus itinerários. Se isto não for atendido, vou entrar com uma ação judicial para obter esta garantia", escreveu o prefeito.
...Nada disso adiantando vou apelar para que o Governo Federal mande a Força Nacional para dar garantias de mobilidade à população de POA...
"Nada disso adiantando vou apelar para que o governo federal mande a Força Nacional para dar garantias de mobilidade à população de POA. Ontem, mais uma vez, ônibus foram depredados e houve a tentativa de incendiar um colocando em risco a vida dos profissionais e dos usuários. Por isso a presença da Brigada Militar é indispensável para garantir a integridade física das pessoas", continuou Fortunati.
Os rodoviários haviam se comprometido com a suspensão temporária da greve geral e deveriam voltar a atender a população nesta sexta-feira, mas resolveram voltar a cruzar os braços. Além de não colocar coletivos nas ruas, os grevistas também estão descumprindo ordem judicial divulgada na terça-feira que determinou a manutenção, durante o movimento grevista, de 70% da frota de ônibus circulando nos horários de pico e de 30% nos demais horários, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A greve foi considerada ilegal pela Justiça e as empresas de ônibus estão autorizadas a descontar os dias parados dos salários dos empregados.
"Também apelo para que os Sindicatos dos Rodoviários e dos empresários sentem hoje pela manhã para buscar um acordo trabalhista que envolve as duas partes em conflito. Quem está pagando o preço da paralisação é o cidadão de menor poder aquisitivo que não consegue se deslocar", concluiu ele.
Racha no sindicato
Na entrevista concedida nesta manhã, Fortunati também comentou as alegações de parte da categoria, que não se sentiria representada pelo presidente do sindicato dos rodoviários, Julio "Bala" Pires. Segundo Fortunati, apesar de haver uma disputa interna no sindicato, tanto a presidência quanto a oposição assinaram o acordo firmado no TRT.
"É uma disputa, infelizmente, entre duas facções dentro do sindicato. Mas, se nós pegarmos o acordo assinado ontem, lá estavam as duas partes. As duas fações, presidência do sindicato e oposição, assinaram o acordo. A disputa entre eles está sendo mais importante do que o interesse público, do que o interesse da população, do que o interesse dos demais trabalhadores. Essa é uma desculpa que nós não podemos aceitar", atacou.
27 de janeiro - Motoristas de ônibus cruzaram os braços no primeiro dia da greve dos rodoviários que afeta o transporte coletivo de Porto Alegre. Apenas 30% da frota está nas ruas, com os demais ônibus parados em garagens. Entre outras reivindicações, os rodoviários pedem reajuste salarial
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - A frota de táxis foi alertada sobre a greve e está mobilizada. Veículos se tornaram alternativa enquanto dura a greve dos rodoviários, que começou no dia 27 de janeiro e segue por tempo indeterminado
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - Filas em parada de ônibus em Porto Alegre: cena que se repetiu em diversos pontos da capital gaúcha no primeiro dia da paralisação. A greve dos rodoviários deve afetar, ao todo, mais de 1 milhão de passageiros
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
28 de janeiro - Rodoviários decidem entrar em greve total em Porto Alegre. Todos os ônibus que estavam na rua voltaram para as garagens
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Grevistas bloquearam a entrada da garagem da Carris, impedindo a saída de ônibus no quatro dia de greve. Apesar disso, algumas empresas voltaram a colocar veículos nas ruas
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Após quase duas horas e meia de negociação na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT-4), em Porto Alegre, as empresas de ônibus, sindicato dos rodoviários e prefeitura negociaram uma trégua na greve por 10 dias
Foto: Daniel Favero / Terra
30 de janeiro - Após muito diálogo, ficou acordado que o plano de saúde será prorrogado por 10 dias, além de R$ 1 de aumento o vale alimentação, para que as negociações possam ser retomadas
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Preocupado com possíveis protestos em meio à greve que afeta desde 27 de janeiro o transporte público em Porto Alegre, um empresário vestido como Zorro resolveu alertar a população munido de um cartaz e distribuindo panfletos no Centro da capital gaúcha. Em sincronia com o pedido do José Fortunati (PDT) de solicitar apoio da Brigada Militar para deixar os ônibus saíram das garagens, o "super-herói" pede ajuda da Força Nacional para garantir a circulação dos coletivos e a segurança da população
Foto: Guilherme Justino / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Do lado de fora da assembleia, militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Cerca de 300 pessoas se reúnem em frente à prefeitura de Porto Alegre para um ato de apoio à greve dos rodoviários
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Fila de passageiros à espera de lotação faz a curva na esquina em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde um ato marca apoio à greve
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Passageiros enfrentam longa fila na espera por ônibus-lotação na rua Sete de Setembro, no centro de Porto Alegre
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Boneco representando o prefeito Fortunati é queimado durante manifestação
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Ativistas protestam em frente ao prédio do jornal Zero Hora
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - A Brigada Militar deslocou a cavalaria e o Choque para proteger o prédio da empresa privada
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - Rodoviários e ativistas do Bloco de Lutas realizam protesto em frente à sede do jornal Zero Hora, da empresa RBS
Foto: Cau Guebo / Futura Press
1º de fevereiro - O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, anuncia que vans escolares serão autorizadas a fazer transporte coletivo na capital a preço de táxi-lotação: R$ 4,20
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Ônibus improvisado da Teka Transportes no centro de Porto Alegre operando no trajeto da linha Pinheiro 398
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, que já trabalha com transporte escolar na Restinga e tem bons conhecimentos do circuito e da população, está fazendo o trajeto Centro-Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, motorista da van escolar, acomoda suas passageiras, antes de iniciar nova viagem até a Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Passagem na linha improvisada de R$ 3,00 - preço na linha oficial é R$ 2,85
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
3 de fevereiro - Em nova audiência de conciliação mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os representantes dos rodoviários de Porto Alegre sinalizaram com a possibilidade de voltar ao trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
3 de fevereiro - Em acordo firmado junto ao sindicato patronal, os trabalhadores se comprometeram a retomar a circulação dos ônibus da capital a partir do meio-dia de terça-feira. O fim da greve, entretanto, depende de aprovação em assembleia prevista para ocorrer às 8h, no ginásio Tesourinha
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários participam de assembleia na manhã desta terça-feira em Porto Alegre para decidir futuro da greve do transporte público na capital gaúcha
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários se reúnem no Ginásio Tesourinha, em Porto Alegre, para decidir se aceitam a proposta definida em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Assembleia dos rodoviários irá definir se categoria aceita a proposta formulada em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Um das arquibancadas do Ginásio Tesourinha lota para a assembleia dos rodoviários em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários rejeitaram nesta terça-feira a proposta feita ontem para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus de Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Após rejeição de proposta, greve geral continua em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Votação em assembleia começou com quase duas horas de atraso
Foto: Guilherme Justino / Terra
6 de fevereiro - Terminou sem acordo a quarta audiência de mediação entre os rodoviários em greve e os representantes das empresas de ônibus de Porto Alegre. Após a reunião fracassada, o Ministério Público ajuizou ação de dissídio coletivo, que será julgado pela Justiça do Trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
10 de janeiro - Durante assembleia, ginásio onde se reuniram os rodoviários sofreu uma queda de energia elétrica
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Mesmo mantendo o estado de greve, a categoria se comprometeu a colocar 100% dos ônibus nas ruas já amanhã, enquanto seguem as negociações entre os trabalhadores e a patronal
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Em assembleia na noite desta segunda-feira, no ginásio Tesourinha, a maioria dos rodoviários rejeitaram o acordo acertado com as empresas de ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre
Foto: Marcelo Backer / Terra
11 de fevereiro - Ônibus deixando a garagem da Carris na manhã desta terça-feira
Foto: Divulgação
Compartilhar
Publicidade
<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/ciencia/infograficos/transporte-publico/" href="http://noticias.terra.com.br/ciencia/infograficos/transporte-publico/">Transporte público no Brasil</a>