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Prefeitura de SP cerca Praça da Sé com grades móveis

Local está recebendo intervenção de paisagismo e limpeza, diz gestão municipal. Subprefeito diz que modelo não será permanente

14 abr 2023 - 16h03
(atualizado às 18h25)
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Praça da Sé é um dos marcos da cidade de São Paulo
Praça da Sé é um dos marcos da cidade de São Paulo
Foto: Mix Me

A Praça da Sé, um dos marcos da cidade de São Paulo, está cercada por grades móveis desde a última segunda-feira, 10. O subprefeito da Sé, Alvaro Camilo, afirma que a instalação de grades faz parte das ações de segurança e zeladoria para proteger os jardins e os locais que estão recebendo as intervenções de paisagismo, poda de árvores e lavagem da área do passeio.

"É um trabalho temporário para organizar a praça, que estava muito desordenada e o retrabalho era muito grande. A gente cortava a grama e a limpeza de manhã, mas à tarde já tínhamos problema com pessoas subindo na grama", diz Camilo ao Estadão.

O subprefeito afirma que a praça não será cercada permanentemente. Diariamente, as equipes de zeladoria retiram aproximadamente 1,3 tonelada de lixo da praça. Os trabalhos foram iniciados no mês de março, na Praça Clóvis Bevilaqua.

"Com algumas exceções, a gente não costuma fechar as praças. Nossa intenção é deixá-la aberta. A recuperação da Praça da Sé é uma prioridade zero da subprefeitura no enfrentamento da desordem urbana. Nossa intenção é permitir que as pessoas possam voltar a circular por ali. É o marco central."

No mês passado, a Prefeitura de São Paulo iniciou um movimento na região para impedir o uso das barracas de camping por pessoas em situação de rua durante o dia. A Prefeitura justifica a remoção das barracas com base em um decreto de 2020, que não permite ocupações permanentes em locais públicos que atrapalhem a livre circulação de pedestres e veículos.

Objetos como camas e sofás também devem ser removidos, segundo o município, por não serem considerados de "uso pessoal".

"Não tiro pessoas da rua e não tiro barracas. Antes da ação de zeladoria, temos uma ação social e de saúde oferecendo acolhimento às pessoas. Não retiramos pertences de ninguém", diz Camilo.

Repressão

O padre Julio Lancellotti, que desenvolve trabalhos com a população em situação de rua em São Paulo, criticou o poder público pelo cercamento da praça da Sé e definiu a medida como "aporofóbica" e "repressora".

"Sem dúvida é uma medida aporofóbica", afirmou. "Cercar a cidade é uma atitude muito primária. Vamos tornar São Paulo a cidade das cercas, porque todos os lugares da capital estão gradeados", disse o padre, dando como outro exemplo o fechamento da praça Princesa Isabel, também na região central, em maio do ano passado.

"A cidade será humanizada quando ela for para todos e todos tiverem a possibilidade de estar nela de maneira digna, alimentados, tendo casa para morar. Tem que ser dado um primeiro passo, mas o primeiro passo que a Prefeitura dá é sempre o da repressão", concluiu.

Estadão
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