Professor que entrou armado na Secretaria de Educação do DF vai responder por porte de arma branca
Pena prevista para este delito é de prisão simples, de 15 dias a seis meses, ou multa
BRASÍLIA - O professor de violino Egon Francisco de Mattos, 53, que, na manhã desta sexta-feira, 15, entrou na sede da Secretaria de Educação do Distrito Federal com uma faca e uma besta, responderá por porte de arma branca, de acordo com o delegado de plantão Fábio Costa dos Prazeres, responsável pelo caso. A pena prevista para este delito é de prisão simples, de 15 dias a seis meses, ou multa.
Mattos dava aulas na Escola de Música de Brasília (EMB) para crianças de dez anos, de acordo com a Secretaria de Educação do DF. Além de responder pelo caso no Juizado Especial Criminal, o professor responderá ainda a um processo administrativo disciplinar, que foi instaurado no final da tarde desta sexta-feira pela Corregedoria da Secretaria de Educação do DF.
O delegado Fábio Costa dos Prazeres relatou ao Estado que o professor foi à Secretaria de Educação para mostrar sua indignação com a situação da Escola de Música de Brasília. De acordo com Prazeres, o professor não ameaçou ninguém nem tinha a intenção de agredir o secretário de Educação, Rafael Parente.
"Ele levou a faca para lá para se matar. A besta ele não falou nada a respeito. Mas a besta não machuca ninguém, não. Os dardos são de plástico e pequenos, não são flechas", afirmou o delegado.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que o professor subiu até a assessoria do gabinete de Parente, no 12º andar. Ele tinha acesso ao prédio por ser professor da rede pública de ensino do DF. O caso ocorreu às 12h30. Segundo o delegado, um segurança do prédio percebeu o cabo da besta para fora da mochila do professor e chamou a Polícia Militar.
"Pela narrativa dos policiais militares, a abordagem foi tranquila. Ele não resistiu nem precisou de algemas", contou o delegado. Quinze minutos depois ele foi levado à 5ª Delegacia de Polícia Civil de Brasília, próxima ao estádio Mané Garrincha.
"Ele estava revoltado, não falava coisa com coisa. Dentro da cela ele disse que queria se matar. Então nós o deixamos só de cueca, mas ele quis ficar nu para pendurar a cueca e se matar. Um policial intercedeu e ficou de olho nele para ele não fazer nada", explicou o delegado.
A Polícia Civil então acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A equipe de socorristas veio acompanhada de uma psicóloga que foi designada para conversar com o professor na cela. Ela relatou que o professor ficou em surto, disse o delegado. Ele foi encaminhado para o Hospital de Base de Brasília.
Pelo Twitter, o secretário de Educação do DF informou que estava bem e também preocupado com o professor e sua família. "Estamos fazendo e faremos todo o possível para que recebam todos os tratamentos necessários." Ele escreveu ainda que "novas medidas para a segurança do prédio já serão implementadas na 2ª feira".
Críticas
Em uma rede social, o professor publicou nesta quarta-feira, 13, que, "depois de um longo período de licença médica da EMB", voltou a dar aulas. "Retornei com alegria e esperança em ajudar Brasília a ser uma sociedade melhor através da música e principalmente do ápice desta arte, a música sinfônica", diz o começo do texto.
Na sequência, o professor afirma que seria ingenuidade pensar dessa forma e começa uma série de críticas ao que considera ser uma falta de investimento na Escola de Música de Brasília. O delegado conta que a esposa do professor mostrou a ele a publicação feita pelo marido, que, de acordo com ela, queria falar com o secretário da Educação sobre o abandono da escola de música.
"Pensava que já havia visto todo tipo de irracionalidade, incapacidade administrativa e ignorância total quanto ao gerenciamento de uma escola de música. A cantina foi encerrada e agora sem janelas e ventilação foi transformada em ao menos duas salas de aula", escreveu o professor.
"Se não é intencional a destruição da EMB, no mínimo estes fatos revelam estratosférica inabilidade e incapacidade administrativa, além de arrogância e necessidade compulsiva de mando! Neste caso seria mais apropriado dizer DESMANDO!", escreveu.