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Professora presa por engano relembra momentos na cadeia: ‘angustiante’

Samara passou 8 dias presa até que fosse provada sua inocência; ela chegou a dividir a cela com 21 mulheres.

2 dez 2023 - 16h24
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Professora presa por engano relembra momentos na cadeia: ‘angustiante’
Professora presa por engano relembra momentos na cadeia: ‘angustiante’
Foto: Reprodução/TV Globo

A professora Samara Araújo, presa por engano no Rio de Janeiro, relembrou como foram os oito dias que passou no presídio feminino de Benfica. Ela, que foi solta na sexta-feira, 1º, conta que precisou dividir a cela com outras 21 mulheres em um dos dias. 

Samara, de 23 anos e moradora de Rio Bonito, no Rio de Janeiro, foi acusada de um crime cometido há 13 anos, quando ela tinha apenas 10 anos, no estado da Paraíba. Com um olhar triste, a jovem conta como foi assim que chegou no presídio: 

"Eu arranjei um colchão no canto e fiquei os dias lá. Três noites eu dividi com uma pessoa de confiança, depois ela foi pra Bangu [outro presídio]. Todo dia chegava gente e ia gente embora. Era temporário. Mas chegou a ficar 21 mulheres na cela", conta em entrevista à TV Globo. 

Depois dos momentos de terror, a jovem reencontrou a família e diz ter se sentido abandonada. "Enquanto eu estava lá, eu não soube que estava todo mundo se juntando para me ajudar. Eu fiquei com a sensação que eu ia ficar lá abandonada", desabafou. 

Durante o período em que esteve presa, o pai da jovem dormiu do lado de fora do presídio. Segundo informações da TV Globo, Samara não pôde participar da própria formatura na graduação de Matemática na UFF. A cerimônia aconteceu enquanto ela ainda estava presa.

Relembre o caso

Samara foi acusada de um crime de extorsão que ocorreu em 2010, na cidade de São Francisco, na Paraíba. O funcionário de um mercado do município recebeu uma ligação de um desconhecido que o ameaçou de morte, dizendo que duas pessoas numa moto o vigiavam. Para não ser morto, ele deveria fazer oito transferências de R$ 1.000 para sete contas diferentes e não podia sequer desligar o telefone.

Com medo, a vítima cumpriu o que foi pedido pelos criminosos. Mas, durante as investigações, foi descoberto que a ligação era um golpe e não tinha ninguém em frente ao mercado para matar o funcionário. Com a quebra dos sigilos bancários, a Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba identificaram os donos das contas, que eram do Rio de Janeiro.

Segundo a publicação, duas acusadas, Cirlene de Souza e Josina Padilha, dona das contas, foram encontradas. Uma disse que desconhecia o valor depositado, enquanto a outra afirmou que não tinha conta bancária. As duas foram condenadas a cinco anos e quatro meses de prisão e a pena teve início em regime semiaberto.

No entanto, dois acusados ainda precisavam ser localizados. Eram Ricardo Campos dos Santos e Samara. O juízo determinou que o MP da Paraíba tentasse mais uma vez descobrir os endereços dos acusados e, em 20 de janeiro deste ano, foi decretada a prisão de Samara de Araújo Oliveira. O caso foi exposto pelo jornal O Globo

Em um cadastro nacional de dados de pessoas físicas há nove nomes iguais ao da professora, que foi presa no último dia 23 e levada para o Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Desde então, a família dela se mobilizou para mostrar o equívoco à Justiça paraibana.

"Minha filha estava em sala de aula. Ela é professora de Matemática. Fiquei sabendo pela mãe dela que os policiais a levaram durante a aula como se fosse uma criminosa", disse o pai da jovem, o encarregado de transporte Simario Araújo, de 48 anos.

"Ela nunca pisou na Paraíba. Minha filha é uma menina doce, estava se graduando em Matemática. Não foi nem à formatura dela, no sábado passado, porque estava presa", acrescentou.

Somente na quarta-feira, 29, a família, por meio de um advogado, conseguiu provar o erro e o juiz substituto Rosio Lima de Melo, da 6ª Vara Mista da cidade de Sousa, decidiu expedir o alvará de soltura da professora.

O Terra procurou o Ministério Público e a Justiça da Paraíba em relação ao caso e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestações.

Fonte: Redação Terra
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