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Protesto contra a Copa do Mundo acaba em conflito em SP

25 jan 2014 - 17h53
(atualizado em 27/1/2014 às 09h41)
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A passeata contra a Copa do Mundo, que iniciou pacífica, acabou em conflito com a Polícia Militar por volta das 20h deste sábado. Convocados pelas redes sociais, centenas de manifestantes se reunir à tarde no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para protestar contra o evento esportivo no Brasil. Quando a marcha chegou próximo ao Theatro Municipal, uma parte desse grupo atacou a sede da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e uma lanchonete do McDonald´s, na rua Barão de Itapetiniga.

As poucas lojas que estavam abertas na região acabaram fechando. A PM se postou em linha na frente do theatro e os manifestantes começaram a jogar pedras e outros objetos contra os policiais, que não revidaram. Em frente à Igreja da Consolação, alguns manifestantes incendiaram uma lixeira, e um Fusca, que tentava passar pelo local, acabou pegando fogo. Dentro do carro estavam dois casais e uma criança, que saíram sem ferimentos. O Fusca, no entanto, foi totalmente destruído. 

Os manifestantes ainda atacaram dois carros Guarda Civil Metropolitana. Um dois veículos conseguiu sair da confusão. Os guardas municipais da viatura que ficou no local foram expulsos do carro. Os manifestantes tentaram virar o veículo, mas não conseguiram.

Pelo menos 30 manifestantes que invadiram o hotel Linson, na Rua Augusta, no meio da confusão, foram detidos. Eles estão todos imobilizados pela polícia dentro do local.

A maior tensão é na Rua Augusta, praticamente sem policiamento, onde uma agência do Santander, uma concessionária da Fiat e um ônibus foram depredados. O grupo de manifestantes atacou um pequeno grupo de policiais, que fugiu. Logo depois, 10 viaturas da Força Tática enfrentaram os manifestantes, jogando bombas de efeito moral e dispersando a multidão.

Ato começou leitura de  manifesto "Não vai ter Copa"

Desde as 15h30, cerca de 600 pessoas se reuniam sob a bandeira de que "Não vai ter Copa". O policiamento está sendo reforçado na Avenida Paulista em preparação para o protesto. A marcha começou pouco antes das 18h. Por volta das 19h30, o grupo, que já tinha mais de 1,5 mil pessoas, chegou à prefeitura de São Paulo. 

A pista da Avenida Paulista no sentido da Rua da Consolação está interditada desde por volta das 17h. O trânsito em todas as quatro faixas foi interrompido para permitir a caminhada dos manifestantes. No sentido Paraíso, o tráfego segue liberado para os veículos. A entrada de estações de metrô na região continua aberta, porém com segurança reforçada.

Por volta das 16h30, foi lido um manifesto para a Polícia Militar, que acompanha o protesto. No manifesto, os representantes afirmam que "o Brasil vai sediar a Copa do Mundo de 2014, mas essa não foi uma vitória para o desenvolvimento brasileiro, e sim uma derrota para os direitos da população". Eles relembraram os protestos da população no ano passado para destacar o que consideram uma insatisfação da população com os gastos do evento esportivo no País.

"O levante de junho de 2013 mostrou claramente o que os brasileiros já perceberam: os gastos milionários na construção de estádios não melhoram a vida da população, apenas retiram investimentos dos direitos sociais. Junho de 2013 foi só o começo, e os movimentos coletivos indignados que querem transformar a realidade afirmam, através dessas diversas lutas, que sem a consolidação dos direitos sociais (saúde, educação, moradia e transporte), não há possibilidade de o povo brasileiro admitir megaeventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas", garantiram os manifestantes.

Rio de Janeiro também tem protestos

Dezenas de pessoas se reuniram em frente ao hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para protestar neste sábado contra a realização da Copa do Mundo no Brasil.

No Rio, manifestantes fecham a avenida Atlântica e gritam palavras de ordem em direção ao Arpoador
No Rio, manifestantes fecham a avenida Atlântica e gritam palavras de ordem em direção ao Arpoador
Foto: Paula Bianchi / Terra

Enquanto um grupo angariava assinaturas contra um projeto de lei que pretende proibir protestos durante o Mundial, outro se ocupava confeccionando cartazes. Entre os dizeres, houve espaço até para protestos bilingues - com os dizeres "não venha para a Copa" lado a lado de "World Cup for whom?" (Copa do Mundo para quem?).

Os manifestantes fecharam a Avenida Atlântica e é grande o número de mascarados. As pessoas caminham pela avenida em direção ao Arpoador gritando palavras de ordem.

Um grande contingente de policiais acompanhou, de longe, a movimentação dos manifestantes, e grades foram colocadas no entorno do hotel.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/tarifas-de-onibus/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/tarifas-de-onibus/iframe.htm">veja o infográfico</a>

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Colaborou com esta notícia a internauta Isabel Grego, de São Paulo (SP), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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