A manifestação em frente à sede da Prefeitura de São Paulo, no centro da capital paulista, que terminou em vandalismo generalizado, depredação e saques contra diversas lojas, assustou também os atuais moradores do antigo hotel de luxo Othon Palace, ocupado por centenas de famílias sem-teto desde o final do ano passado. Após a maioria dos milhares de manifestantes marcharem pacíficamente à avenida Paulista, parte das centenas de pessoas que "sobraram" no local tentaram invadir o Palácio do Anhangabaú e, sem a presença da Polícia Militar nas ruas, atearam fogo contra uma agência do banco Itaú na Praça do Patriarca, que fica no térreo do edifício de 25 andares, onde vivem as famílias.
As chamas começaram a se espalhar pelo edifício, provocando pânico entre os ocupantes. Desesperados, muitos deixaram o local carregando seus filhos nos colos e a roupa do corpo. Do lado de fora, o alívio só chegou quando o Corpo de Bombeiros extinguiu as chamas da agência bancária e o início de incêndio que se espalhava para os demais andares do hotel, fundado nos anos 1950. Ninguém se feriu.
"Agarrei meus filhos, peguei o documento, as roupas do bebê e fugi. Onde estava a Polícia para nos ajudar? Aqui mora muita família, muita gente com criança, muito idoso e muitas mulheres grávidas", criticou a Marcela Bezerra do Nascimento, 25 anos, que deixou o local com o marido, Marcelo, e os dois filhos. Segundo ela, a família aguarda há cerca de 9 meses uma vaga em um programa de moradia da administração municipal, onde já se cadastrou.
Mas o princípio de incêndio não era o único motivo de temor das famílias sem-teto. Durante o quebra-quebra em frente à prefeitura, um grupo de pessoas teria tentado invadir o hotel, o que gerou um novo impasse e várias cenas de briga. Munidos de pedaços de pau e barras de ferro, os sem-teto foram para a portaria do edifício defender o espaço invadido desde outubro passado. Havia até uma pessoa com uma foice nas mãos.
Durante protesto na noite desta terça-feira no centro de São Paulo, vândalos aproveitaram o fim do ato para praticar saques e destruir lojas e agências bancárias. Na foto, jovem depreda unidade da rede McDonald's
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
Mulher é presa na praça do Patriarca, em São Paulo, com vários produtos saqueados de lojas durante o protesto da noite de terça-feira
Foto: Edison Temoteo / Futura Press
Após invadir loja da rede de fast food McDonald's, jovem utiliza máquina de sorvete no centro de São Paulo
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
Após invasão, jovens discutem dentro de loja do McDonald's na região central da capital paulista
Foto: Brazil Photo Press
Agências bancárias também foram alvo de vândalos. Um grupo ateou fogo a um estabelecimento que fica no térreo do antigo Hotel Othon
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
Objetos foram retirados de dentro da agência bancária e colocados na rua
Foto: Marcos Bizzotto / Futura Press
Agência do banco Itaú ficou destruída depois da passagem de grupo de vândalos
Foto: Fernando Borges / Terra
Estações de trabalho de funcionários da agência foram depredadas
Foto: Fernando Borges / Terra
Grupo foi preso na Secretaria de Segurança Pública durante protesto após saquear lojas
Foto: Alice Vergueiro / Futura Press
Uma loja da Oi também foi saqueada no centro de São Paulo
Foto: Brazil Photo Press
Vândalos quebraram vitrine e roubaram pares de tênis em loja de calçados
Foto: Brazil Photo Press
Unidade da rede de lojas O Boticário também foi saqueada na noite desta terça-feira em São Paulo
Foto: Brazil Photo Press
Lojas Americanas também foram alvo de vândalos em São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
Vândalos destruíram fachadas de estabelecimentos no centro da capital paulista
Foto: Fernando Borges / Terra
Joalheria também foi invadida e saqueada no centro de São Paulo nesta terça-feira
Foto: Fernando Borges / Terra
Joalheria também foi invadida e saqueada no centro de São Paulo nesta terça-feira
Foto: Fernando Borges / Terra
Unidade da rede de lojas Magazine Luiza ficou destruída após a passagem de vândalos
Foto: Fernando Borges / Terra
Jovem mostra manequim furtado durante invasão a loja de roupas no centro de São Paulo, após protesto contra o aumento da passagem
Foto: Fernando Borges / Terra
Policiais militares observam a ação de vândalos no centro de São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
Homem esvazia saco de lixo para colocar dois monitores de LCD após saques no centro de São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
Jovens posam ao lado de televisor destruído após saque em loja em São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
Fachadas de lojas são destruídas por grupo de vândalos após protestos no centro de São Paulo
Foto: Marcos Bizzotto / Futura Press
Manequins jogados na rua mostram a destruição que vândalos provocaram no centro de São Paulo após protesto pacífico de milhares de pessoas
Foto: Fernando Borges / Terra
Manifestantes exaltados colocaram fogo em boneco durante protesto, momentos antes de tentar invadir a prefeitura de São Paulo
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Manifestantes depredaram a entrada da prefeitura de São Paulo e tentaram invadir o prédio
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Policiais se escondem dentro do prédio da prefeitura; vidros da fachada foram quebrados
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Protesto violento deixa rastro de destruição na prefeitura de São Paulo
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Manifestantes tiraram barras de proteção que cercavam o prédio, e tentaram invadir o local
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Grupo exaltado passou por cima de grades de proteção, e depredou a fachada da prefeitura
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Na manhã desta quarta-feira, foi possível ver telefones públicos quebrados durante protesto no centro de São Paulo
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Ciclista observa pichação na marquise da Praça do Patriarca, em frente à prefeitura
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Posto policial foi alvo de vandalismo e ficou completamente destruído
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Janela de posto policial em frente à prefeitura foi quebrado por manifestantes exaltados
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Cabine foi incendiada, derrubada e teve vidros quebrados
Foto: Tico Alzani / vc repórter
Janelas do prédio da Prefeitura de São Paulo foram amanheceram depredadas
Foto: Tico Alzani / vc repórter
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"Fomos defender o nosso espaço. Tem muita criança aqui, olha isso", disse o o ajudante de pedreiro Alberto de Lima, 39 anos, que vive com a mulher e os dois filhos no hotel, apontando para as famílias dos vizinhos. "Por pouco não ocorreu uma tragédia no local.
"Hoje a polícia demorou demais para agir. Primeiro foi o incêndio e depois a tentativa de invasão. Minha mulher e meus três filhos escaparam antes, mas eu corri para proteger meu enteado que ainda estava lá dentro", contou Sérgio, 22 anos, que trabalha como vendedor ambulante.
O último susto da noite foi quando, após cerca de três horas de saques e depredações, a Tropa de Choque da PM chegou ao Viaduto do Chá. Assustados com a correria dos vândalos que tentavam escapar, cerca de 20 famílias sem-teto foram até a porta da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), a uma quadra do local, pedir abrigo para proteger as crianças. Uma mulher chegou a desmaiar, mas foi socorrida por um policial. As mulheres que carreavam crianças e grávidas esperaram por cerca de meia hora dentro da secretaria a situação se acalmar, para só então voltar para o "lar" e contabilizar os prejuízos.
"Hoje ninguém vai dormir. Foi assustador o que vivemos hoje", disse Israel (que não quis revelar seu nome), 20 anos, que deixou o local com a mulher, grávida de poucos meses, e o cachorro.
SSP justifica ação
Em nota divulgada no final da noite de terça, a SSP disse que a polícia não interviu na tentativa de invasão ao prédio da prefeitura de São Paulo para não prejudicar a manifestação pacífica. "A pedido da prefeitura, a PM havia posicionado uma equipe da Força Tática no interior do prédio, mas avaliou que intervir em meio à multidão poderia prejudicar parte da maioria pacífica de manifestantes."
Segundo a secretaria, ainda na mesma nota, "os poucos episódios de depredação registrados na manifestação na noite desta terça feira, no centro de São Paulo, são fatos isolados, provocados por uma pequena minoria”, e serão investigados.
Carro incendiado próximo à Alerj
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A prefeitura do Rio de Janeiro trabalhou na limpeza da ação de vândalos em meio ao protesto de segunda-feira
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press
Carro queimado por grupo de vândalos durante o protesto no Rio de Janeiro é guinchado
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press
Homem fotografa a destruição e uma agência do banco Itaú, na capital carioca
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press
Janelas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) são vistas quebradas
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press
Paredes do Palácio dos Bandeirantes são pintadas para remover as pichações, em São Paulo
Foto: Luiz Claudio Barbosa / Futura Press
Policial militar remove objetos deixados após a destruição provocada por um grupo de manifestantes em São Paulo
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
Policiais verificam a estação Consolação do metrô, que foi danificada por grupos de vândalos
Foto: Rocha Lobo / Futura Press
Cartazes que foram usados por manifestantes são vistos nas ruas na manhã desta terça-feira
Foto: Luiz Claudio Barbosa / Futura Press
Funcionários de uma agência do Banco do Brasil que foi depredada em Porto Alegre colam cartazes avisando que o estabelecimento abrirá após a limpeza
Foto: Itamar Aguiar / Futura Press
Vidros de uma lanchonete do McDonald's no centro de Porto Alegre foram quebrados na noite de segunda-feira
Foto: Itamar Aguiar / Futura Press
Muitos locais que foram danificados por vândalos abriram normalmente nesta terça-feira em Porto Alegre
Foto: Itamar Aguiar / Futura Press
Agência bancária teve vidros quebrados na região central da capital gaúcha
Foto: Itamar Aguiar / Futura Press
Funcionárias trabalham na limpeza de uma agência bancária em Porto Alegre
Foto: Itamar Aguiar / Futura Press
Pedestres passam por paredes pichadas na região central do Rio de Janeiro
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press
Paredes de imóveis foram pichados durante o protesto no Rio de Janeiro
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Calçadas no centro da também passaram por manutenção
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Homens da Comlurb trabalham na limpeza dos prédios danificados durante o protesto de segunda-feira
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Restos dos carros que foram incendiados ao lado do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Dois veículos foram incendiados por um grupo
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Funcionários da prefeitura do Rio limpam as pichações em frente ao prédio da Assembleia Legislativa
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Restos dos carros que foram incendiados ao lado do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Bombeiros trabalhando no centro do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Bombeiros trabalhando no centro do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Caixas eletrônicos foram destruídos no Rio
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Muitos prédios comerciais amanheceram pichados
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Restos dos carros que foram incendiados ao lado do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Funcionários da prefeitura do Rio limpam as pichações em frente ao prédio da Assembleia Legislativa
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segurança foi reforçada nesta terça-feira em frente à Alerj
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Pichações em prédios no Rio
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Restos dos carros que foram incendiados ao lado do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Restos dos carros que foram incendiados ao lado do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Veículo foi virado e incendiado
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A cena chamou a atenção de quem passava pelo local
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana trabalham no local dos distúrbios da noite de segunda-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Polícia reforça segurança no centro do Rio
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Vidros quebrados em prédios públicos e particulares
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Pichações em prédios históricos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Pichações em prédios históricos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Cariocas observam veículo queimado durante o protesto de segunda-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Marca de tiro em vidro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Algumas tiveram vidros e equipamentos quebrados
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Agências bancárias também foram alvo de pichações
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Paredes pichadas no centro do Rio
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Rio de Janeiro amanheceu com as marcas do protesto que reuniu 100 mil pessoas na noite de segunda-feira