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Próximo protesto em Porto Alegre começará em frente ao Palácio Piratini

Grupo que organiza manifestações na capital gaúcha criticou o bloqueio feito pela PM no protesto de segunda-feira

26 jun 2013 - 14h57
(atualizado às 14h59)
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<p>Jovens atiram pedras contra&nbsp;policiais&nbsp;sobre o viaduto da rua Duque de Caxias na noite de segunda-feira</p>
Jovens atiram pedras contra policiais sobre o viaduto da rua Duque de Caxias na noite de segunda-feira
Foto: 22 de junho - / Terra

O próximo protesto que será realizado em Porto Alegre terá concentração na praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul, e não mais em frente à prefeitura, anunciou nesta quarta-feira o Bloco de Lutas pelo Transporte Público. O movimento organizador das manifestações que vêm sendo realizadas na capital gaúcha decidiu alterar o ponto de encontro depois que a Brigada Militar (Polícia Militar local) impediu o grupo de chegar ao palácio no protesto da última segunda-feira.

Na última manifestação, a polícia montou barreiras nas ruas próximas à praça, onde também ficam a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do Estado, para impedir que os manifestantes se aproximassem do local. Os bloqueios de ruas têm sido o estopim para início de confrontos com a polícia. Em manifestações anteriores, a confusão começou quando os manifestantes - e principalmente os vândalos - se deparam com uma barreira em frente à sede do jornal Zero Hora, que faz parte do grupo RBS, afiliada da Rede Globo no Estado.

Na segunda-feira, o bloqueio na rua Riachuelo provocou um início de tumulto quando manifestantes mais exaltados derrubaram as grades colocadas pela polícia para impedir a aproximação do grupo. A duas quadras dali, começaram os confrontos: na Esquina Democrática, uma loja foi saqueada, seguida por uma briga generalizada entre saqueadores e manifestantes. A confusão provocou a ação da polícia, que jogou bombas de efeito moral, de gás e tiros de balas de borracha.

Para o movimento, a ação da polícia foi truculenta. "Fomos brutalmente reprimidos na esquina da (avenida) Borges (de Medeiros) com a (avenida Senador) Salgado Filho, com bombas jogadas no meio da multidão, vindas de cima de prédios, e um cenário de guerra com cavalaria e helicópteros perseguindo, agredindo e prendendo manifestantes", diz o texto que mobiliza os manifestantes para a marcha.

Para o grupo, o bloqueio das ruas próximas à sede do governo gaúcho é um ato que só se via em tempos de ditadura. "Fomos impedidos de chegar em nosso destino final, o Palácio Piratini, pela Polícia comandada por Tarso Genro! Não temos lembrança de um governador que tenha cometido um ato de tamanha truculência na história de nosso Estado, a não ser em tempos de Ditadura!"

Para a polícia, a ação de segunda-feira foi um sucesso, apesar de a Defensoria Pública - que tem acompanhado as manifestações - considerar que a Brigada Militar possa ter agido de forma precipitada ao não permitir que defensores tentassem intermediar a confusão.

As autoridades públicas de segurança dizem ainda que é preocupante o crescimento de vândalos e criminosos infiltrados entre os manifestantes. Na segunda-feira, 65 pessoas foram presas, sendo 13 em flagrante por crimes contra o patrimônio. Onze dos presos já possuíam passagens pela polícia por roubo, assalto a mão armada, roubo de veículos, tráfico de drogas e estupro.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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