Psiquiatras pediram internação de sobrinha antes de caso com idoso morto no banco
Paulo Roberto Braga vivia havia 15 anos na mesma casa que Érika e três dos seis filhos dela
A família de Érika de Souza Vieira Nunes defendeu, em entrevista ao 'Fantástico', da TV Globo, que ela não teria percebido a morte de seu tio Paulo Roberto Braga entre sua casa e o banco e apresentou laudos psiquiátricos para requerer a internação da mulher.
A família de Érika de Souza Vieira Nunes defendeu, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, exibida neste domingo, 21, que a mulher não teria percebido que Paulo Roberto Braga, de 68 anos, morreu em algum momento do trajeto entre a casa onde moravam e a agência bancária. Os parentes mostraram laudos psiquiátricos, que também foram enviados à Justiça, que pedem a internação de Érika, em dois momentos diferentes.
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"A minha mãe, por muitas vezes, tentou suicídio. Ela vem passando por momentos difíceis, transtornos psiquiátricos. Esse remédio já causou alucinações", contou um dos filhos de Érika à emissora. Nas solicitações de internação há menções a "alucinações auditivas" e "dependência de medicamentos".
O programa também refez todo o trajeto de Érika e do tio Paulo à agência bancária no dia 16 deste mês. Um perito entrevistado afirma ver sinais de movimento, mesmo que fracos, no início das imagens. Depois, Paulo Roberto aparece imóvel.
Em depoimento à polícia, Érika contou que só notou que Paulo não estava respondendo quando ele recebeu atendimento médico dos funcionários do banco, que tentaram reanimá-lo ainda no local.
"Eu falava: 'O senhor tá me ovuindo?'. Nada, não tinha nenhuma reação. Um sentimento de impotência. Mesmo tendo feito tudo que estava ao meu alcance, o que eu mais quero é esquecer", contou uma das funcionárias da agência à emissora, sobre o momento em que perceberam que Paulo Roberto não estava vivo.
Idoso vivia com família de Érika havia 15 anos
Sem ser casado ou ter filhos, tio Paulo vivia havia 15 anos na casa de Érika, com três dos seis filhos dela. "Ele não deixou herdeiros. Teve companheiras, mas família... a família foi essa que acolheu ele e que acolheu ele bastante tempo", contou Ana Fátima, tia de Érika.
O idoso tinha irmãos, mas não mantinha contato com eles. No enterro, que ocorreu no sábado, 20, apenas parentes de Érika compareceram à cerimônia.
A família mostrou que Paulo Roberto dormia em um quarto dentro da casa, mas que, de uns tempos para cá, havia se 'mudado' para a garagem, para não precisa subir as escadas que davam acesso à residência. A saúde dele teria ficado debilitada por problemas com bebida. O homem usava fraldas e precisava de cuidados constantes.
Ainda de acordo com Ana Fátima, era Érika quem mais se dedicava ao tio, justamente por não ter um trabalho fixo.
Paulo Roberto não tinha nenhuma renda até meados do ano passado, quando começou a receber um benefício do governo federal destinado a idosos. Segundo os familiares de Érika, ele queria pedir um empréstimo para melhorar as condições do quarto em que estava dormindo, na garagem.
A família também enviou à Justiça um documento que mostra que a solicitação do empréstimo de R$ 17 mil foi feita em março deste ano.
Delegado acredita na culpa
O delegado Fábio Souza também foi ouvido pela reportagem. Ele demonstou acreditar na culpa de Érika. Para o policial, a mulher foi ao banco já notando que o idoso "estava em seus últimos momentos de vida e tentou retirar esse dinheiro".
Fábio Souza concorda que, aparentemente, Paulo Roberto saiu de casa vivo. Mas ele duvida que a mulher não teria percebido a sua morte.
"Ela passou horas fazendo aquilo. E o que dá mais certeza é a simulação dela conversando com ele, mesmo ele não respondendo", afirmou. Sobre os laudos psiquiátricos, o delegado considerou que Érika não poderia ter "uma consciência seletiva".