Público fica preso em cinema no RJ após funcionários esquecerem da última sessão e irem embora
“Nos sentimos como no filme, rejeitados”, desabafou uma aposentada de 70 anos que estava no momento.
Cerca de 40 pessoas gritaram por socorro de dentro de um cinema em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, após funcionários esquecerem da última sessão e irem embora. O aconteceu no último sábado, 27, no Estação Net Rio, e levou cerca de 30 minutos até que o grupo ser libertado.
“Naquele momento, a gente só queria liberdade. não sabíamos como proceder. Era como se estivéssemos órfãos ali. Olha, que drama, né? A gente ficou sem ação, desesperado. Havíamos acabado de assistir ao filme “Os rejeitados”. E nos sentimos assim: rejeitados”, contou a aposentada Ruth Kauffmann, de 70 anos, na seção de Cartas dos Leitores do jornal O Globo.
De acordo com o relato, o grupo percebeu que algo estava errado quando os créditos finais passaram e as luzes não foram acesas, como habitualmente acontece. No desespero, os espectadores buscaram a porta de saída no escuro e com ajuda das lanternas de celular. No saguão do cinema, descobriram que o lugar estava trancado.
Foi acionado polícia, bombeiros e até quem passava pela rua. Na grade vazada, Ruth relembra a expressão de espanto das pessoas do lado de fora e percebeu que muitos sequer se aproximaram, com medo. “Essa é a cidade que a gente vive, né?”, diz a idosa.
O caso foi até outro cinema do mesmo grupo localizado na Botafogo, por sorte, localizado na mesma rua. Por coincidência, dois funcionários responsáveis pela unidade ainda estavam por lá e quando souberam da situação foram imediatamente libertar os “rejeitados”.
A justificativa, segundo eles, é que acreditavam que todas as projeções tinham sido encerradas. Um erro “absurdo e surreal”, classificou Adriana Ratter, sócia-fundadora do grupo de cinema.
“Foi terrível, e ninguém imaginou que isso poderia acontecer. Depois de 40 anos em atividade, se tivéssemos feito isso mais de uma vez, já não estaríamos funcionando agora. Estamos a semana inteira digerindo o assunto. Imagina se essas pessoas tivessem passado a madrugada lá dentro? Tenho pesadelos só de pensar nisso”, disse Adriana.
Ela pediu ainda que os espectadores que estiveram na tal sessão busquem contato com o cinema, pessoalmente ou via redes sociais.
“Além do pedido de desculpas, queremos tentar oferecer alguma coisa que seja uma gentileza para o público, depois desse transtorno tão grande. Não quer dizer que resolveremos ou compensaremos esse problema... Mas queremos mostrar que, sim, estamos muito preocupados com o que aconteceu, chateados”, completou.
De acordo com o jornal, os funcionários responsáveis foram afastados temporariamente. Com bom humor, Ruth recomendou o filme, onde um grupo é obrigado, contra a vontade, a passar um longo período juntos.