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Quem é Gordão, traficante do PCC preso que se inspirava em Pablo Escobar

Também conhecido como Gold ou Gordo, ele é um dos líderes do Narcosul, cartel da droga da facção paulista e de suas associadas; suspeita é de que ele tenha ficado foragido na Bolívia

6 set 2022 - 11h10
(atualizado às 11h28)
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Anderson Lacerda Pereira, o Gordo, integrante do PCC, acusado de liderar organização criminosa em Arujá
Anderson Lacerda Pereira, o Gordo, integrante do PCC, acusado de liderar organização criminosa em Arujá
Foto: Polícia Federal

Preso pela Polícia Civil de São Paulo nessa segunda-feira, 5, Anderson Lacerda Pereira - conhecido como Gordo, Gordão ou Gold - tem sido apontado em investigações como um dos líderes do Narcosul, cartel de droga do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de seus associados.

Anderson é acusado de ter montado 38 clínicas médicas e odontológicas que eram usadas para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas para o exterior. Ele participou das primeiras negociações de expansão internacional do PCC e vendia entorpecentes até com a máfia italiana. O criminoso chegou ainda a dominar os contratos da área de Saúde da cidade de Arujá, na Grande São Paulo e usava até criptomoedas em algumas operações. Ele faz parte do grupo que cresceu na Baixada Santista e teve relações estreitas com a estiva do Porto de Santos.

Desde 2020, o nome de Lacerda - que agora foi detido em Poá, na região metropolitana da capital paulista - estava na lista de procurados da Interpol. Naquele ano, a polícia já havia encontrado pistas de uma passagem sua pelo Recife. Ele deixou às pressas seu apartamento antes da chegada dos policiais que cumpriam mandados de busca e prisão da Operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo). Os materiais apreendidos revelaram o perfil de Gordo, que se inspira em grandes traficantes mexicanos e colombianos, como Pablo Escobar.

Foram encontrados no local livros como O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, e Minha Vida com Pablo Escobar, de Jhon Jairo Velasquez, o Popeye. Gordão também se dedicava à gestão dos negócios e a estudar matemática financeira.

    Outra história que despertou interesse do chefe do PCC é a de Amado Carrillo Fuentes, o Senhor dos Céus, nascido em Guamuchilito, em Sinaloa (México). Esse criminoso foi o responsável por montar uma grande frota de aviões para trazer a cocaína colombiana do cartel de Medellín até o México na década de 1980. Foi com o nome da cidade natal de Fuentes que Gordão batizou um de seus sítios. Ele criou até uma logomarca para o local.

    Também foi encontrado um arquivo com uma música que Gordo dizia ter mandado gravar. Inspirado nos "narcocorridos", ele encomendou no México a gravação, conforme a polícia, da música em sua homenagem. O corrido é um ritmo mexicano, usado pelos traficantes, como o funk no Rio. Muitos dos negociadores de drogas - como mostrado na série Breaking Bad - são "homenageados" com essas músicas.

    Fã do traficante colombiano Pablo Escobar, Gordo criou um zoológico em uma de suas propriedades, com animais silvestres e selvagens, entre eles, um jacaré
    Fã do traficante colombiano Pablo Escobar, Gordo criou um zoológico em uma de suas propriedades, com animais silvestres e selvagens, entre eles, um jacaré
    Foto: Reprodução

    Em celulares apreendidos pela polícia, também foram achadas fotos de aviões sendo inspecionados na Bolívia. Uma pasta trazia os arquivos com fotografias de passeios feitos por Gordo e sua família no país vizinho. As imagens mostra, por exemplo, testes sobre a pureza da cocaína e encontros de negócios em um restaurante.

    Traficante criava jacarés e escreve poesias

    Gordão ainda copiou de Pablo Escobar um zoológico em uma de suas propriedades, com jaulas, viveiros e até um lago, onde criava jacarés. A polícia suspeita que essa área era usada inclusive para desova de corpos.

    As mensagens apreendidas revelam ainda a rota de venda de entorpecentes mantida pelo Narcosul entre as Ilhas Canárias e a África, além de exibir dados sobre a presença do PCC em 12 países, incluindo seis europeus (Portugal, Espanha, Holanda, Suíça, França e Itália).

    As apreensões ainda apresentam outra paixão de Gordo, a poesia. Os textos encontrados pela polícia tratam de sua vida, amores, de sua mãe e do crime. Um dos textos fala em "viver entre o amor e o ódio em um ambiente estranho" e outra traz a seguinte mensagem: "Oh, Deus ajude-nos a manter vivo o nosso ódio", concluída com a frase: "Mata, que Deus perdoa".

    Estadão
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