Quem é o matador de aluguel sérvio assassinado a tiros em Santos? Entenda
Vítima era procurada pela Interpol por crimes praticados na Sérvia e vivia no Brasil desde 2014 com documentos de outra pessoa
A Polícia Civil de São Paulo começou a desvendar um assassinato brutal ocorrido em Santos na última sexta-feira, 5. A vítima usava nome falso e era procurado pela Interpol por suspeita de integrar uma máfia e atuar como matador de aluguel na Sérvia. Ele chegou ao Brasil em 2014, onde tinha uma vida pacata. Juntou-se com uma mulher, teve um filho e não despertava suspeitas de ninguém.
Na noite do dia 5 esse homem, de 43 anos, chegava em casa, no bairro do Embaré, de bicicleta, levando o filho de 4 anos em uma cadeirinha presa ao chassi. A mulher dele, uma brasileira de 34 anos, o acompanhava, em outra bicicleta. Um homem de máscara e luvas apareceu correndo, se aproximou da vítima e disparou vários tiros - pelo menos três foram identificados pela perícia.
A vítima caiu e o atirador fugiu; ele teria entrado em um carro preto, segundo a investigação. Ninguém mais foi atingido. A vítima chegou a ser socorrida e levada para a Santa Casa de Santos, mas morreu logo após ser baleada. Ela foi identificada inicialmente como sendo o esloveno Dejan Kovac.
Ao iniciar as investigações, a Polícia Civil estranhou o fato de o passaporte dele não conter carimbo de entrada no Brasil. Ao consultar o consulado da Eslovênia, descobriu que esse passaporte havia sido declarado extraviado em 2017 e por isso foi cancelado pelo governo esloveno, mas que estava sendo usado por um sérvio procurado pela Interpol pela prática de homicídios em seu país de origem.
Era Darko Geisler Nedeljkovic. Um dos homicídios de que ele era acusado foi de Baranin Andrija Mrdak, segurança do líder de uma máfia que atuava na Sérvia.
Mrdak foi morto a tiros na frente de um presídio. Nedeljkovic teria matado outras pessoas, e num dos crimes teria ficado ferido e fugido da Sérvia. Então passou pela Bósnia e teria seguido para o Brasil, onde mudou de vida.
"Durante o curso do inquérito policial a gente vai poder apontar se o crime tem relação ou não com esse passado criminoso e se há participação ou não de organizações criminosas que atuam lá no leste europeu, talvez até por motivo de vingança, em relação aos motivos pelos quais ele era investigado, por ser um matador de aluguel", afirmou o delegado Luiz Ricardo Lara Dias Junior, titular do 3º DP de Santos e um dos responsáveis pela investigação, durante entrevista coletiva concedida nesta semana.
Mulher diz que nunca soube do passado criminoso do companheiro
Segundo a Polícia Civil, a mulher do sérvio afirmou tê-lo conhecido entre 2015 e 2016 e que nunca soube de seu passado criminoso nem que usava o nome de outra pessoa.
De início houve informações de que o sérvio trabalhava em uma marcenaria, mas a polícia apurou que ele não tinha emprego fixo e recebia rendimentos que supostos familiares enviavam do exterior.
"Ao que tudo indica, ele mantinha uma vida modesta no Brasil", disse o delegado. "Morava em um apartamento de classe média, não possuía veículos automotores, não tinha nenhum documento nacional, RG, CPF, carteira de habilitação, nem mesmo contas abertas em instituições financeiras."
Todas essas descobertas ainda não levaram à solução do crime, mas a polícia segue tentando descobrir quem matou o sérvio.