Quem é Rogério de Andrade, bicheiro preso por suspeita de mandar matar rival
Contraventor é considerado o maior do Rio de Janeiro e foi preso nesta terça-feira, 29
Rogério de Andrade, preso por suspeita de mandar matar o rival Fernando Iggnácio, é considerado o maior bicheiro do Rio de Janeiro. Sobrinho do também contraventor, Castor de Andrade, ele assumiu os negócios da família após o tio morrer vítima de um infarto fulminante em abril de 1997. As informações são do Estadão.
O sucessor natural de Castor seria seu filho, Paulinho, mas ele foi assassinado pouco mais de um ano depois da morte do pai, em outubro de 1998, com 47 anos. Na época, Andrade chegou a responder como mandante do crime, mas foi absolvido.
Após a morte do primo, o contraventor assumiu os negócios do tio. Em 2022, Andrade, que também é patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, foi alvo de uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio, sob acusação de chefiar uma organização criminosa que controla o jogo do bicho em diversas partes do Rio de Janeiro.
Ele ficou preso por alguns meses e foi solto no final aquele ano após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até abril de 2024, ele ficou com tornozeleira eletrônica, quando o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o uso.
Ao longo de sua vida, ele sofreu dois atentados, sendo o primeiro em 2001, quando um homem se esncondeu na casa de sua então namorada para tentar assassiná-lo, no entanto, o plano falhou. A mais recente foi em 2010, quando seu carro blindado, um Toyota Corolla, explodiu enquanto seguia pela Barra da Tijuca.
Na ocasião, o filho do bicheiro, Diogo Andrade, que tinha 17 anos, e um segurança morreram. O contraventor também estava no carro, mas sobreviveu, e passou por uma cirurgia de reconstrução de face.
Alvo de operação
Rogério de Andrade é suspeito de mandar matar o rival, Fernando Ignnácio, em novembro de 2020, conforme apontou a nova denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-MPRJ). Ele foi preso nas primeiras horas desta terça, em sua casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na operação Último Ato. Além dele, Gilmar Eneas Lisboa também é alvo da ação do Gaeco.
Após a prisão, ele foi encaminhado para a Delegacia de Serviços Delegados (DDSD), na Cidade da Polícia, e presta depoimento. Depois, passará por audiência de custódia, e então, para uma unidade prisional estadual, até que seja transferido para a cadeia de segurança máxima.
O MP informou ao Terra, em março de 2021, ele havia sido denunciado pelo assassinato de Iggnácio em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes. No entanto, a ação penal foi trancada por decisão da maioria dos votos da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro de 2022. A alegação foi de que havia falta de provas que demonstrasse o envolvimento dele como mandante do crime.
Um novo Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi aberto e foi identificado pelo Gaeco “não só sucessivas execuções” na disputa entre os dois contraventores, além da participação de uma outra pessoa no homicídio de Ignnácio. A denúncia do órgão aponta Lisboa como o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime.
A morte do rival
Conforme o Gaeco, Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio são, respectivamente, genro e sobrinho do contraventor Castor de Andrade, que foi chefe do jogo do bicho no Estado do Rio de Janeiro. A denúncia aponta que a vítima foi morta em 10 de novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto, no Recreio dos Bandeirantes.
Por volta das 9h daquele dia, os acusados Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, vulgo Farofa, Pedro Emanuel D'Onofre Andrade Silva Cordeiro, vulgo Pedrinho, e Otto Samuel D'Onofre Andrade Silva Cordeiro, chegaram ao local de automóvel. Três deles invadiram um terreno baldio que faz divisa com o heliporto, com pelo menos dois fuzis, sendo uma AK-47 e uma ParaFAL.
Eles ficaram aguardando por quatro horas, até que a vítima desembarcou de seu helicóptero, retornando de Angra dos Reis. Nesse momento, os criminosos posicionaram suas armas em cima do muro do estacionamento e atiraram, a uma distância de, aproximadamente, quatro metros do local onde estava estacionado o automóvel dele. Ignnácio levou três tiros, sendo um deles na cabeça.
A denúncia do MP aponta também que Marcio Araujo de Souza, um dos responsáveis pela segurança pessoal de Rogério de Andrade, foi o responsável por contratar, a mando do patrão, os quatro denunciados. Dois deles, segundo a investigação, Rodrigo das Neves e Ygor da Cruz, já atuaram como seguranças da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, na qual Andrade é patrono.
O Terra não localizou a defesa de Rogério de Andrade até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.