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Quilombola mais idoso do Brasil chega aos 109 anos

Antônio Benedito da Conceição, conhecido como Antonio Mulato, moar no quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (MT)

6 jun 2014 - 08h58
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Antonio Mulato exibe boa saúde e lucidez
Antonio Mulato exibe boa saúde e lucidez
Foto: Davi Valle / Secom-MT / Divulgação

O quilombola Antônio Benedito da Conceição, conhecido como Antonio Mulato, morador do quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (MT), desafia o tempo e chega, neste mês de junho, aos 109 anos. Com essa idade, é o quilombola mais idoso do Brasil. Exibindo boa saúde e lucidez, está também na lista dos mais velhos brasileiros vivos, superando em 35 anos a expectativa de vida no País, que é de 74,6 anos, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nascido em 12 de junho de 1905, ainda guarda na memória informações sobre a abolição da escravatura no Brasil, decretada em 1888. Ele conta que demorou muito para essa informação chegar em sua comunidade, devido às dificuldades de comunicação e transporte da época. Algumas situações ele não viveu, mas se lembra dos parentes contarem. “As mulheres estavam na beira do rio lavando roupa, largaram roupa, largaram sabão e foram comemorar que estavam livres”, relata.

Para manter a saúde, o idoso não dispensas o guaraná ralado, que é um energético natural, muito usado pelos mato-grossenses. Come também banha de porco e melaço. Não tem nenhuma doença crônica, por isso não toma remédio na rotina, nem mesmo para a pressão arterial, doença comum na terceira idade.

Antônio Benedito da Conceição junto com parte da família
Antônio Benedito da Conceição junto com parte da família
Foto: Arquivo Pessoal

“Às vezes, ele sente tontura e aí toma remédio para resolver isso”, conta um dos netos do idoso, o vereador Airton Conceição de Arruda, 48 anos. “Ele é muito forte e não para.”

A festa de comemoração do aniversário de Antonio Mulato, que já virou tradição, está marcada para o dia 15 de junho, no quilombo Mata Cavalo. Um churrasco será servido para toda a comunidade e convidados de fora.

“Já andei muito pelo Brasil, em toda a rede quilombola, e há muitos centenários, mas ninguém com idade mais avançada que ele”, assegura Carlos Alberto Caetano, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial em Mato Grosso (Seppir-MT). “Senhor Antonio é um dos símbolos vivos da resistência quilombola e já foi homenageado várias vezes na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A trajetória dele merecia uma biografia.”

Antonio Mulato foi casado três vezes, tem 13 filhos, 31 netos, 36 bisnetos, 20 tataranetos e 1 tatataraneto. Em Mato Cavalo vivem cerca de 524 famílias, descendentes de negros que foram escravizados.

Fonte: Especial para Terra
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