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Ribeirão Preto decreta luto oficial por causa da morte de manifestante

21 jun 2013 - 14h53
(atualizado às 15h01)
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<p>Jovem foi atropelado enquanto protestava pelas ruas na noite de quinta-feira</p>
Jovem foi atropelado enquanto protestava pelas ruas na noite de quinta-feira
Foto: Alfredo Risk / Futura Press

A prefeitura de Ribeirão Preto, município do interior de São Paulo localizado a 313 quilômetros da capital paulista, decretou nesta sexta-feira luto oficial de três dias pela morte do estudante Marcos Delefrate, 18 anos, atropelado durante manifestação na noite de quinta-feira. Segundo a Polícia Militar (PM), o protesto reuniu 20 mil pessoas na cidade, que tem mais de 600 mil habitantes. O corpo do jovem será enterrado às 16h no Cemitério Bom Pastor, no Jardim Zara.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Além de Marcos, foram atropelados 12 manifestantes, dos quais quatro ficaram feridos. Uma mulher que teve fraturas na pélvis segue internada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em estado grave.

O delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Paulo Henrique Martins de Castro, disse que o empresário Alexsandro Ishisato de Azevedo dirigia o automóvel Land Rover, de cor preta, que avançou contra a multidão de manifestantes no cruzamento das avenidas João Fiúza e Adolfo Molina. Ele continua foragido.

Jovem morre atropelado em protesto em Ribeirão Preto:

Castro informou que o veículo está em nome de uma empresa e foi localizado na casa de Alexsandro. O carro foi apreendido, passou por perícia e o laudo deve sair em 15 dias.

A identificação do acusado foi feita, segundo o delegado, por meio de imagens e testemunhas. Alexsandro está sendo acusado de tentativa de homicídio, lesão corporal, omissão de socorro e homicídio doloso pela morte de Marcos Delefrate.

Ontem, a Polícia Militar divulgou um vídeo em que é possível ver o motorista discutindo com alguns ativistas, que revidaram com pancadas na lataria do carro. Após isso, o carro avançou sobre os manifestantes. O empresário fugiu sem prestar socorro.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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