Rio de Janeiro: Laudo aponta que idoso levado a banco estava desnutrido
Peritos ainda aguardam exame toxicológico para ter certeza de que morte de idoso não foi causada por envenenamento
Segurança de shopping em que mulher esteve com idoso um dia antes de ir à agência bancária, onde foi constatado o óbito dele, disse que chamou a atenção dela porque o pé do idoso estava arrastando no chão, e ela pareceu não se importar.
O laudo da perícia no corpo de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, indica que ele estava desnutrido. O homem foi levado a uma agência bancária por uma mulher, que disse ser sua sobrinha, quando supostamente já estaria morto.
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O caso aconteceu em Bangu, no Rio de Janeiro, na terça-feira, 16. A informação foi divulgada com exclusividade pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles.
A perícia ainda apontou que a causa da morte do idoso foi broncoaspiração e falência cardíaca. No entanto, os peritos ainda aguardam o exame toxicológico para ter certeza de que os sintomas não foram causados por envenenamento.
O laudo diz que Paulo era "previamente doente, com necessidades de cuidados especiais", porém, que "aguarda exames toxicológicos para determinar se houve fator externo contribuinte para a morte com drogas".
Os peritos colheram uma amostra sanguínea do estômago do falecido para realizar o exame toxicológico. Foi apresentado a eles o registro médico do atendimento de Paulo em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), durante o período de 8 a 15 de abril, onde constava diagnóstico de pneumonia e taquicardia. Conforme o documento, o idoso necessitava de oxigênio e enfrentava dificuldades para deglutir.
"Tais dados corroboram o achado de necroscópico de desnutrição e broncoaspiração. A cardiopatia prévia encontrada também favoreceu ao evento morte", diz o laudo.
Mulher esteve um dia antes com idoso em shopping
Um dia antes de Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, levar Paulo em uma cadeira de rodas até a agência bancária, ela esteve com o homem no Shopping Real, também em Bangu. Um segurança do local, que preferiu não se identificar, contou que ele chamou a atenção da mulher ao perceber que o pé do idoso estava arrastando no chão e ela pareceu não se importar.
Segundo o funcionário, ao chegar ao shopping em um carro de aplicativo, ela pediu uma cadeira de rodas.
"Fiquei esperando ela até quase a hora do shopping fechar, porque ela tinha que entregar a cadeira. Quando falei com ela ainda alertei do pé dele, ele estava torto e com o pé arrastando no chão, a meia dele já chegava estar rasgada. Ela me respondeu que ele era assim mesmo, que não tinha problema se estivesse machucando. Ajudei ainda a colocar ele de volta no carro de aplicativo, que ela chamou", disse o homem ao O Globo.
Érika voltou ao shopping no dia seguinte, na terça-feira, 16, e foi ao espaço onde as cadeiras de roda ficam disponíveis e pegou o equipamento novamente, sem pedir ajuda dessa vez.
"A cadeira que ela pegou ontem [dia 16] sumiu e até agora não achamos. Ela foi pela rua chamando atenção das pessoas porque já foi arrastando ele torto, empurrando ele com o mesmo descaso que ela estava tratando ele na segunda-feira e sem carinho nenhum com o coitado do senhor", afirmou o segurança.
Motorista de app diz que idoso estava vivo
O motorista de aplicativo que levou a mulher e o idoso até a agência bancária prestou depoimento à polícia na quarta-feira, 17. Ele relatou que o idoso estava vivo no trajeto e que 'chegou a segurar a porta do carro', segundo o Uol.
Conforme o condutor do carro de aplicativo, o momento em que Paulo segurou na porta foi no desembarque do veículo, já no estacionamento de um shopping. Então, a mulher o colocou na cadeira de rodas e ele encerrou a corrida. De acordo com relato, ele deixou os dois no shopping do bairro porque o acesso de veículos é proibido na agência bancária.
O motorista também contou que a mulher teve ajuda de outro homem para colocar o idoso dentro do carro, antes de iniciar a viagem, pois ele não andava. As filhas da mulher também participaram da ação.
Relembre o caso
Érika foi presa em flagrante acusada de levar o cadáver de Paulo em uma cadeira de rodas a uma agência bancária e tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil no nome dele. O caso aconteceu na terça-feira, 16, em Bangu (RJ). A defesa dela alega, no entanto, que Paulo Roberto teria morrido dentro da agência.
O laudo do exame de necropsia que foi produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) constatou que Paulo morreu por volta das 11h30 e 15h20 da terça-feira, por broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca. O perito que assinou o documento, porém, disse que não é possível confirmar se o idoso morreu antes, durante o trajeto ou quando já estava na agência bancária.
Em um vídeo gravado por uma funcionária do banco, é possível ver Érika segurando a cabeça de Paulo, que pendia para trás. Ela também tenta fazê-lo segurar uma caneta. Quem aponta que o idoso não estava bem é a atendente do estabelecimento. Pouco depois, a polícia foi acionada.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local e constatou o óbito. A polícia foi acionada após funcionários da unidade estranharem a atitude da mulher.
Apesar da alegação da defesa da suspeita, um dos socorristas do Samu afirmou que o idoso estava morto havia pelo menos duas horas. Conforme o depoimento, o tempo que o idoso estava sem vida foi constatado devido os livores – manchas arroxeadas que correspondem às zonas de falta ou acúmulo de sangue – que seu corpo apresentava. Essas características costumam aparecer após esse período em que a pessoa já está morta.
Além disso, uma das funcionárias do banco relatou às autoridades que achou o idoso muito debilitado, em um primeiro momento, mas, ao se aproximar, orientou que a assinatura fosse feita por ele igual à da carteira de identidade. Ela percebeu que ele estava pálido e sem sinais vitais quando ele não respondeu no momento em que deveria assinar o documento para liberar o empréstimo.