RJ: desaparecida há dez dias, viúva de Amarildo é encontrada
A esposa do pedreiro Amarildo de Souza, Elizabeth Gomes da Silva, desaparecida há 10 dias, foi encontrada por parentes em Cabo Frio, município da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Segundo o advogado da família, João Tancredo, não há previsão de quando ela deve retornar a favela da Rocinha.
A família de Beth chegou a registrar o desaparecimento na 11ª DP (Rocinha). Eles relataram que ela apresentava um quadro de depressão e voltou a beber e a usar drogas. O desaparecimento do pedreiro Amarildo completa um ano na segunda-feira. Ele sumiu após ser retirado de casa e levado à sede da UPP da Rocinha por PMs da unidade.
Uma investigação teve início após o forte apelo popular e 25 policiais foram acusados pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Entre esses, 12 estão presos e 13 respondem processo em liberdade.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro encerrou o inquérito policial militar (IPM) sobre o caso no dia 3 de julho. De acordo com o processo, os PMs envolvidos no caso, entre eles o major Edson dos Santos, ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e o segundo-tenente Luiz Felipe de Medeiros, ex-subcomandante da unidade, cometeram crimes no âmbito da Justiça comum, e não da Militar.
O comandante-geral da PM, coronel José Luis Catro Menezes, concluiu que há indícios de crime comum, de autoria dos investigados, no caso que está sendo apurado em processo na 35ª Vara Criminal da Capital sobre o desaparecimento de Amarildo de Souza.
Em nota, o Comando da Polícia Militar e a Corregedoria Interna afirmam que a conclusão do IPM não significa que a corporação absolveu os envolvidos. De acordo com a PM, o inquérito policial militar em momento algum absolve nenhum dos policiais “num fato de tamanha relevância”, apenas leva em conta que os oficiais já respondem na Justiça comum pelo crime de tortura, que resultou na morte da vítima, e fraude processual. A afirmação de que "não houve consenso sobre a absolvição do major Edson" não é correta, segundo a PM.
No processo, há um parecer com o entendimento de que o crime de corrupção ativa de testemunhas, supostamente praticado pelos policiais citados, seria de competência da Justiça Militar. Mas a Corregedoria entendeu se tratar também de crime de responsabilidade da Justiça comum Quando o julgamento for concluído, o resultado será encaminhado para o Comando da PM e os envolvidos poderão ser excluídos da corporação.
Os oficiais ainda respondem ao Conselho de Justificação da Secretaria de Segurança Pública, que vai determinar a permanência ou não na PM. Já os praças respondem ao Conselho de Disciplina, da Corregedoria, que terá o resultado do processo divulgado em breve.
Na decisão do boletim interno, publicado ontem, a Corregedoria diz que há indícios de participação de todos os investigados no crime.
O mesmo boletim ainda se refere à inclusão de mais três praças da PM que passam a responder ao Conselho de Disciplina. Até o momento, eles não respondiam a nenhum procedimento.