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RJ: grupo acusa Guarda Municipal de abuso na repressão a protesto

6 nov 2013 - 13h58
(atualizado às 14h02)
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Duas pessoas foram detidas e conduzidas pela Guarda Municipal à 5ª Delegacia de Polícia, no centro do Rio de Janeiro, após protesto em frente à Câmara Municipal do Rio na madrugada desta quarta-feira. Em ato simbólico, os manifestantes montaram duas barracas de acampamento na Cinelândia e foram reprimidos. Os dois manifestantes detidos já foram liberados.

De acordo com a diretora executiva da Rede de Defensores Independentes de Direitos Humanos, Maristela Grynberg, a Guarda Municipal alegou que as barracas estavam obstruindo a passagem de pedestres e precisavam ser retiradas. Ela acusou os guardas municipais de excesso de força e crime sexual.

"Eu estou com marcas aqui (no pescoço), eles apalparam meus seios na hora do 'estou te detendo'. Não tem necessidade de pegar no peito de ninguém. Tem um menino com o joelho machucado, porque pisaram no joelho dele. Isso tudo por duas barracas vazias em um espaço público", disse.

As barracas foram montadas em protesto pela libertação de dois jovens presos na manifestação do dia 15 de outubro, também no centro, e que ainda estão no Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste.

O manifestante Gabriel Soares, 18 anos, disse que um guarda "deu um mata leão (golpe de estrangulamento), o outro deu um soco no estômago e me jogaram dentro do ônibus". O jovem disse ainda que, dentro do ônibus, os guardas pisaram em seu joelho, torceram sua orelha e o xingaram. "Quando chegamos à delegacia, eles mandaram a gente não falar nada do que ocorreu dentro do ônibus. Só que eu falei a verdade para o delegado."

O advogado do Instituto de Defensores de Direitos Humanos, Felipe Coelho, informou que os manifestantes prestaram depoimento e serão encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito.

A Guarda Municipal negou que tenha havido qualquer tipo de abuso na condução dos manifestantes à delegacia. Ainda segundo o órgão, eles foram levados à delegacia porque não permitiram que os guardas recolhessem as barracas de acampamento em frente ao Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal da capital fluminense.

Em outro protesto, na terça-feira, manifestantes caminharam pelas principais avenidas do centro, acompanhados pela Polícia Militar, e não houve confronto. No entanto, um menor de 18 anos foi apreendido e um jovem adulto foi detido, ambos liberados posteriormente. Eles tentaram arrancar a bandeira do Estado do Rio de Janeiro que estava no mastro em frente ao Monumento a Zumbi dos Palmares, na Praça Onze.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi

assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como 

uma das maiores jornadas

populares dos últimos 20 anos

. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes,

mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do

Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em 

São PauloRio

de Janeiro

CuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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